tag:blogger.com,1999:blog-22735307764512600362024-03-05T03:10:57.503-03:00Vai uma crônica aí?Meu dia a dia em crônicas,poemas,leituras.
Aquilo que mereça registro, meu e de outros.Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.comBlogger133125tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-91888160087566809292009-12-16T15:49:00.002-02:002009-12-16T16:22:39.326-02:00Luuanda, de José Luandino Vieira<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuDv50IuR6C4QASUoKDxlxihRFojqS641kqCtH8Vgmb7E-UO0afo6RQElMdJgL-TqivLBNq23znRMilTyVb3wknrZBOcTqXGuNBzM9Qt2iRX7LOtt8Tp6pq48_nqSfS5ZiIn5M-SRHRbd2/s1600-h/luuanda.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 266px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuDv50IuR6C4QASUoKDxlxihRFojqS641kqCtH8Vgmb7E-UO0afo6RQElMdJgL-TqivLBNq23znRMilTyVb3wknrZBOcTqXGuNBzM9Qt2iRX7LOtt8Tp6pq48_nqSfS5ZiIn5M-SRHRbd2/s400/luuanda.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5415893026483859986" /></a><br /><br /><br /><br /><br />José Luandino Vieira é pseudônimo de José Vieira Mateus da Graça, nascido em Portugal, criado em Angola. Este <em>Luuanda</em> foi lançado no Brasil em 2006, e só estou lendo agora, guardado que foi para eu ler depois da aposentadoria... Pois chegou seu dia, que foi para mim um grande dia!<br /><br /><br />Os colegas luso-africanos estão fazendo belo trabalho com a linguagem: Mia Couto, o moçambicano, a recria; José Luandino a registra, a linguagem dos musseques onde habita a pobreza em Luanda, capital de Angola. E com isso, ao passá-la para a modalidade escrita, também a recria e lhe empresta grandeza. É o tipo de trabalho que admiro, como o que Tito Carvalho fez em <em>Bulha d'arroio</em>, ou João Antõnio em seus contos, este de fazer literatura de muito boa qualidade com o registro popular de fala.<br /><br />Muitos dos termos encontrados no livro vieram para o Brasil, assumindo forma diferenciada, por se adaptarem a outro tipo de substrato linguístico. "N'ga", por exemplo, que ali é forma de tratamento, virou pra nós "nêga" - por isso se justifica a Nega Tide, por exemplo, como se usava na Ilha de Santa Catarina. "Vavó" e "Vavô" são nossos vovó e vovó. Moringa eles dizem "moiringue". E há termos, expressões, frases, que são puro dialeto africano, e desconhecemos completamente, mas para eles há um glossário, ao final. E as regências e algumas estruturas frasais são meio esquisitas pra nós, mas nem por isso menos bonitas. Me encanto: olhem só como os danadinhos dizem...<br /><br /><br />Junto com esse registro da linguagem, apreendemos a vida cotidiana, os hábitos, a filosofia de um povo pobre demais, e que se libertou do jugo lusitano muito depois de nós, em país não tão cheio de possibilidades como o nosso. São três contos, um trágico, outro muito divertido, o terceiro um tanto cruel. E todos muito bons.<br /><br />E na página 58 encontro esta maravilha:<br /><br />" Dizia Xico Futa:<br />Pode mesmo a gente saber, com a certeza, como é um caso começou, aonde começou, pra quê, quem? Saber mesmo o que estava se passar no coração da pessoa que faz, que procura, desfaz ou estraga as conversas, as macas?(1) Ou tudo que passa na vida não pode-se-lhe agarrar no princípio, quando chega nesse princípio vê afinal esse mesmo princípio era também o fim doutro princípio e então, se a gente segue assim, para trás ou para a frente, vê que não pode se partir o fio da vida, mesmo que está podre no outro lado, ele sempre se emenda noutro sítio, cresce, desvia, foge, avança, curva, pára, esconde, aparece... E digo isto, tenho minha razão. As pessoas falam, as gentes que estão nas conversas, que sofrem os casos e as macas (2) contam, e logo ali, ali mesmo, nessa hora em que passa qualquer confusão, cada qual fala a sua verdade e se continuam falar e discutir, a verdade começa a dar fruta, no fim é mesmo uma quinda (3) de verdades e uma quinda de mentiras, que a mentira é já uma hora da verdade ou o contrário mesmo."<br /><br />(1) Aqui a palavra significa "assunto".<br />(2) Aqui, vai significar "conversas".<br />(3) Cesto.<br /><br />VIEIRA, José Luandino. <em>Luuanda</em>. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-66366457985370940782009-12-05T17:11:00.005-02:002009-12-05T17:18:55.285-02:00Céu de origamis<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDgzHgdR07HC5LgXtex4mdu0JltcK0QeUyz-ijCrbKn8ToTWLJwDPv215G0wUJrc7euLQbLwPRcuS_jvlNsNaOLPyKtrw9_cLREZt657rZTfqQ7kTgXKZ74HnAotE9LTH33dp5_E17a7Ns/s1600-h/origamis.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDgzHgdR07HC5LgXtex4mdu0JltcK0QeUyz-ijCrbKn8ToTWLJwDPv215G0wUJrc7euLQbLwPRcuS_jvlNsNaOLPyKtrw9_cLREZt657rZTfqQ7kTgXKZ74HnAotE9LTH33dp5_E17a7Ns/s400/origamis.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5411831954633352178" /></a><br /><br />De Luiz-Alfredo Garcia-Roza, Companhia das Letras,2009.<br /><br /><br /><span style="font-style:italic;">Diz o release da editora:</span><br /><br />Cecília é uma secretária competente. Depois que seu patrão sai do consultório dentário ela guarda todo o equipamento, desliga os aparelhos, tranca a porta e vai embora. Doutor Marcos é um homem tranquilo, e o trabalho com ele é sem sobressaltos. Hoje ele e a mulher vão jantar em casa de amigos. Fato raro, pensa a secretária. Em geral, doutor Marcos e a mulher ficam em casa. Estranho, para um casal jovem como eles...<br /><br />Cecília gosta de trabalhar no consultório. Tudo é sempre tão perfeitamente previsível que Cecília jamais poderia imaginar que no dia seguinte receberia a visita da polícia em busca de informações sobre seu patrão. Na véspera, doutor Marcos desaparecera sem deixar sinal. Não havia registro de acidentes de trânsito nem de nenhum tipo de ocorrência policial. Só que ele simplesmente não chegara em casa.<br /><br />E, como se não bastasse, havia um detalhe absurdo: o carro de doutor Marcos estava estacionado exatamente onde deveria estar, em sua vaga na garagem do prédio onde morava. O que teria acontecido com doutor Marcos? Sobre ele, Cecília explicaria a Espinosa: "Sempre foi atencioso e gentil, nunca alterou a voz, nunca reclamou com mau humor de alguma coisa. Ele parece irreal".<br /><br />* * *<br /><br />Um só aspecto, nesse release. E não dá ideia do clima, de Espinosa se recuperando de cirurgia,por causa de um tiro no pulmão, do filho recém-chegado dos Estados Unidos, onde foi criado, pensando em vir se estabelecer no Brasil, dos mistérios e dúvidas que se vão acumulando e desvendando aos poucos.<br /><br />AMEI! Acho um dos melhores romances de Garcia Roza, e sou fã deste Espinosa leitor voraz e de suas estantes sem estante... E o título tão original? Bem,é explicado bem lá no finzinho!Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-7359163967138628932009-11-22T19:05:00.005-02:002009-11-22T19:10:25.474-02:00Almoçando na BarraE pode ter coisa melhor?<br />Com bons amigos, no Capitão Fortaleza... Apesar do dia cinzento, foi ótimo!<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGiDVIAH253SiJDiJz0QqjCeHRrkid4kQLKQswNAmi58xWMUcwz5q9Jri4v6Qv2ewzTni4KYP1HvB5YNk5WVAolZdZyIzq0HDCdLAET4LkB8CnMTYJ_aIbE962HPw5IHtLLa4JDHPkmCll/s1600/domingo+002.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGiDVIAH253SiJDiJz0QqjCeHRrkid4kQLKQswNAmi58xWMUcwz5q9Jri4v6Qv2ewzTni4KYP1HvB5YNk5WVAolZdZyIzq0HDCdLAET4LkB8CnMTYJ_aIbE962HPw5IHtLLa4JDHPkmCll/s400/domingo+002.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5407037640427065458" /></a><br /><br /><br />Milagres acontecem: consegui captar a gaivota no voo!<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbeCVXeYcTvERI6aEm1fCV1TNeUafo3xru7dHi12aNl821csuTAdOeKaDh_TiuJt1OOQffcWHXN17D1kHZD_UwqfnwI2txaLiP9pdj0eMdQEkrY2aktbDQ_0_ps9aVKHLb2PwF4HKh1lo5/s1600/domingo+003.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbeCVXeYcTvERI6aEm1fCV1TNeUafo3xru7dHi12aNl821csuTAdOeKaDh_TiuJt1OOQffcWHXN17D1kHZD_UwqfnwI2txaLiP9pdj0eMdQEkrY2aktbDQ_0_ps9aVKHLb2PwF4HKh1lo5/s400/domingo+003.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5407037548318389106" /></a><br /><br /><br />E com direito a café no Mirante da Praia Mole.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZCvR1lHbx7_3T-WHdWqPmRR5uCMLJkn6EObKvlRgz3WUJIaDMLwfW8xEtDM0v-3ilT472gomZ5SkFtdjJ8sruwUnGGtRFB7OWBYxYOpozjXgWvqp22_wnK_oEp371wYXVum_CjOwEcpql/s1600/domingo+006.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZCvR1lHbx7_3T-WHdWqPmRR5uCMLJkn6EObKvlRgz3WUJIaDMLwfW8xEtDM0v-3ilT472gomZ5SkFtdjJ8sruwUnGGtRFB7OWBYxYOpozjXgWvqp22_wnK_oEp371wYXVum_CjOwEcpql/s400/domingo+006.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5407037293772133714" /></a>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-12066023450336809492009-11-21T20:44:00.004-02:002009-11-21T20:47:02.908-02:00Que flagra!Hum, João tem 63 anos, mas ainda tá em forma, né não?<br /><span style="font-style:italic;">(maldades do Alberto!)</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-CtEMTRVTv4wGgi_f-p1VyqBlxTJd7DSn4QI9bZTD0zqxqaj4er-WBLZxpgx2BVt1emy_v7yjtS6nTU-fhdBObqP_0eQpHFpy_q50aQey-jliMww4BGKdiggnsF1txtsV4Dug4uIZ5Zrt/s1600/jo%C3%A3o.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 296px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-CtEMTRVTv4wGgi_f-p1VyqBlxTJd7DSn4QI9bZTD0zqxqaj4er-WBLZxpgx2BVt1emy_v7yjtS6nTU-fhdBObqP_0eQpHFpy_q50aQey-jliMww4BGKdiggnsF1txtsV4Dug4uIZ5Zrt/s400/jo%C3%A3o.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5406691702035093090" /></a><br />João Bosco aproveitou a tarde de quinta-feira, 5, para caminhar pela orla do Arpoador, Zona Sul carioca. O cantor adotou um look um tanto peculiar para a ocasião: uma sunga multicolorida acompanhada de um tênis vermelho. Bem ousado.Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-35799885763853948902009-11-21T02:55:00.005-02:002009-11-21T03:42:35.628-02:00Prontos pro Natal<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFEXlh__WcejurJAoeht5yJIppVx5-LA5EepuV5q1l8Z2pjPXcOz53k3XGwJpqPi3ait8nJ8lwA7tE7EzBLPRCqdDNwOvcqIzs5SXFLlr48v04D50SVS-YzS1_R6uJY7JfWvXxbHRbxfDr/s1600/papai+noel+005.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFEXlh__WcejurJAoeht5yJIppVx5-LA5EepuV5q1l8Z2pjPXcOz53k3XGwJpqPi3ait8nJ8lwA7tE7EzBLPRCqdDNwOvcqIzs5SXFLlr48v04D50SVS-YzS1_R6uJY7JfWvXxbHRbxfDr/s400/papai+noel+005.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5406428087416520018" /></a><br /><br />Acho a coisa mais brega do mundo,mas à noite até ficam bonitinhos...<br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6JBzUYHX67C8rVRn1IDOa-RvEWMGl3p3eIfnAPZHTvTFPL34MJEvf9G0mKR0Bx63Mc8Wa9zGf8pa1UxXAGXYn6jGj_KLz5hCMmNGAFQMPptQg9tbY2Ej8lHTdB5Im5g6_ZpVuGdhr8ujM/s1600/papai+noel+003.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6JBzUYHX67C8rVRn1IDOa-RvEWMGl3p3eIfnAPZHTvTFPL34MJEvf9G0mKR0Bx63Mc8Wa9zGf8pa1UxXAGXYn6jGj_KLz5hCMmNGAFQMPptQg9tbY2Ej8lHTdB5Im5g6_ZpVuGdhr8ujM/s400/papai+noel+003.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5406416732065890994" /></a><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgs_2C2CPiKMvSQnKPnTiC12987EAzqqi-DTr2i4mbyEqJsTYUhVEdVW4S9kj-wLYS2K8wtA3MEKtJtxbZV7zdmluz2pzXvPQBTcWhyqoNHuoCrQpviN-KjUjN2rVkB40z7KlO_eX2Hqu4M/s1600/papai+noel+002.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgs_2C2CPiKMvSQnKPnTiC12987EAzqqi-DTr2i4mbyEqJsTYUhVEdVW4S9kj-wLYS2K8wtA3MEKtJtxbZV7zdmluz2pzXvPQBTcWhyqoNHuoCrQpviN-KjUjN2rVkB40z7KlO_eX2Hqu4M/s400/papai+noel+002.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5406416647020937554" /></a>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-8221265302681961002009-11-19T15:02:00.004-02:002009-11-19T16:13:29.297-02:00Fools rush in,com The Voice<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/g9Q7RUKjslw&hl=pt_BR&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/g9Q7RUKjslw&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />A versão que João e Chico Bosco fizeram fica bem próxima da letra original:<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Passos de amador</span><br /><br />Tolos vão<br />Onde anjos temem ir<br />Por isso estou aqui, amor<br />De coração na mão<br />Sim, eu sei<br />Posso sofrer<br />Mas já não tenho, amor<br />Nada a perder<br />Tolos vão<br />Em passos de amador<br />Os sábios têm os pés no chão<br />Não sabem do amor<br />Foi te ver<br />Não pude mais voltar<br />Pois deixe no teu coração<br />Um tolo entrarReginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-3541937869203260632009-11-19T06:51:00.002-02:002009-11-19T06:58:50.943-02:00Coisas do destino?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKtruDBWaOxohEajGvkT2S9SovKHEPFVv1CymioPzroM9sT3BSAMjxJQcvneRnPRkirkxK_M4Yta2PAhOBxHHEgfrN6l5g9swu6gWXfHpe_RaRbeHDi8dA1nsg4Xly1RZft2_GWnlbl8OF/s1600/no+way.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 285px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKtruDBWaOxohEajGvkT2S9SovKHEPFVv1CymioPzroM9sT3BSAMjxJQcvneRnPRkirkxK_M4Yta2PAhOBxHHEgfrN6l5g9swu6gWXfHpe_RaRbeHDi8dA1nsg4Xly1RZft2_GWnlbl8OF/s400/no+way.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5405734716083224642" /></a><br /><br />Nessas "conjuminâncias" (meu pai ADORAVA esta palavra! Nem sei se existe...) meio estranhas da vida, de uns dias pra cá virei depositária de mensagens que não eram pra mim. De um modo geral, tenho achado muita graça.<br /> <br />Mas esta aqui me deixou intrigada:<br /><br />"Deixaste ele te amar desse jeito, pra depois fazer o que fizeste, né, krd? Mals."<br /><br />Estava no celular. O número de quem mandou também está, mas como evidentemente não é pra mim, fico na minha.<br /><br />Mas tenho que avisar esta "KRD" que mande de novo a quem de direito. E, se for conhecida minha, favor explicar essa engronha! Fiquei muito curiosa!Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-44278045504180205212009-11-19T05:34:00.001-02:002009-11-19T05:36:12.956-02:00Valeu a espera!<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHIU43Yqy1i3YfqghH8Vc6fMhLrEj412DWhNzpE0M5JpDpDZdRzU4A6UH4nnf9CZnDvLPTQ_NO9TivXE0MFSxsqrl06rTa1e-dIj4owWpzwDgEs6yHu-pRfEA2L__Ohcr3jPimRdzNukgD/s1600/quarta+001.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHIU43Yqy1i3YfqghH8Vc6fMhLrEj412DWhNzpE0M5JpDpDZdRzU4A6UH4nnf9CZnDvLPTQ_NO9TivXE0MFSxsqrl06rTa1e-dIj4owWpzwDgEs6yHu-pRfEA2L__Ohcr3jPimRdzNukgD/s400/quarta+001.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5405715061592183810" /></a><br /><br />Depois de dias e dias de transtorno, terminaram a reforma da calçada em frente ao Itaú.<br />UFA!<br />Olhem como ficou legal!Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-16624124532458427502009-11-11T13:12:00.004-02:002009-11-11T13:21:58.838-02:00Bodas de prataTerminei "Profissionalismo é isso aí",tou agora analisando as canções que falam de casamento. É esta aqui é a primeira. E a mais antiga, também.<br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/3lOdcVqRXiA&hl=pt-br&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/3lOdcVqRXiA&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Bodas de prata<br />(João Bosco/Aldir Blanc)<br /><br />Você fica deitada<br />De olhos arregalados<br />Ou andando no escuro de penhoar<br />Não adiantou nada<br />Cortar os cabelos e jogar no mar<br />Não adiantou nada o banho de ervas<br />Não adiantou nada o nome da outra<br />No pano vermelho<br />Pro anjo das trevas<br />Ele vai voltar tarde<br />Cheirando a cerveja,<br />Se atirar de sapato na cama vazia<br />E dormir na hora murmurando: Dora...<br />E você é Maria<br />Você fica deitada<br />Com medo do escuro<br />Ouvindo bater no ouvido<br />O coração descompassado<br />É o tempo, Maria, te comendo<br />Feito traça num vestido de noivado.Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-39906655490065283302009-11-08T06:53:00.006-02:002009-11-08T08:06:50.054-02:00Paixão moçambicana<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkU6eQbaH8tUwaqS5V8oRfXUoGExC3NT298Tvo2EkDwyasCD1nNLJBaz9QrUjMn0bWQNeQd26EzWTL73alu2gHaanVlC-1Je49iTjkylQ9JZOzpP2wQWzXY4FhzDXY68LmjSGcciZVnYSI/s1600-h/MIA+COUTO.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 358px; height: 331px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkU6eQbaH8tUwaqS5V8oRfXUoGExC3NT298Tvo2EkDwyasCD1nNLJBaz9QrUjMn0bWQNeQd26EzWTL73alu2gHaanVlC-1Je49iTjkylQ9JZOzpP2wQWzXY4FhzDXY68LmjSGcciZVnYSI/s400/MIA+COUTO.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5401671294589643554" /></a><br /><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKL4Amt2C1nZOOoa_MTSK56YtZFsuR0lJzGbaDzvs7hn36NxTdZTy6vUt-Sio04j8kgxrPyTs0IAK8f-xpauH5WNJWbYcCwK4xisTPMms-hPHXvk82W_82smB5JdBUf3I7jrdQjSWxjLHG/s1600-h/mia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKL4Amt2C1nZOOoa_MTSK56YtZFsuR0lJzGbaDzvs7hn36NxTdZTy6vUt-Sio04j8kgxrPyTs0IAK8f-xpauH5WNJWbYcCwK4xisTPMms-hPHXvk82W_82smB5JdBUf3I7jrdQjSWxjLHG/s400/mia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5401653301493278034" /></a><br /><br />Esta semana andei ciscando nos livros, feito galinha desesperada. Comecei um, comecei outro, mas nada me agradava: enfiava de volta na prateleira. Sufocada pelo calor, estressada com exames médicos, queria algo que me desse TESÃO,poxa...<br /><br />Ontem à tarde me deu na telha: vou ler o autor mais bonito do mundo, Mia Couto. Fui na estante, catei o primeiro, dos que ainda não tinha lido. Ah, era isso mesmo! Coimaxlinda, modeuzi!<br /><br />A sinopse diz:<br />" Jesusalém, ermo encravado na savana, em Moçambique, abriga cinco almas apartadas das gentes e cidades do mundo. Ali, ensaiam um arremedo de vida - Silvestre e seus dois filhos, Mwanito e Ntunzi, mais o Tio Aproximado e o serviçal Zacaria. O passado para eles é pura negação recortada em torno da figura da mãe morta em circunstâncias misteriosas. E o futuro se afigura inexistente. Silvestre afança aos filhos e ao criado que o mundo acabou e que a mulher - qualquer mulher - é a desgraça dos homens. Mas um belo dia os donos do mundo voltarão para reivindicar a terra de Jesusalém. E não só isso - uma bela mulher também virá para agitar a inércia dos dias solitários daqueles homens."<br /><br />Mas sinopses empobrecem, não falam da linguagem, do clima, do universo paralelo que se cria nas páginas que se vai abrindo,e nos puxam lá pra dentro, a compartilhar daquele mundo...<br /><br />Mwanito é o narrador, o afinador de silêncios. É aquele que veio pra Jerusalém muito pequeno, não se lembra do mundo de lá, que, segundo o pai, morreu... Sua perspectiva é única, mas é curiosa, embora ainda não revoltada. A do irmão,porém, é pura revolta...<br /><br />O pai brinca de ser Deus, e faz amor com a jumenta Jezibela, que corteja como se mulher fosse. E ela o trai com ...uma zebra.<br /><br />Um dia aparece Maria, a portuguesa, e Jerusalém se torna o Eden, com adões que dão por falta de sua costela. <br /><br />Mas no moçambicano Mia (diminutivo de Emílio) a linguagem é o grande achado. Se em <span style="font-style:italic;">Terra</span> <span style="font-style:italic;">Sonâmbula</span>, livro que fez seu renome, ele se mira no espelho da linguagem roseana, aqui ele é o dono dela. Mais que isso: é seu deus.<br /><br />Cada capítulo tem epígrafe de grandes poetas mulheres da língua portuguesa: Sophia de Mello Brayner Andersen, Hilda Hilst, Adélia Prado (sintomático que duas sejam brasileiras? Não, Mia é declaradamente fã de nossos autores!)<br /><br />Descobri que busco nos livros e nos autores justamente esse amálgama de enredo com linguagem própria e única, o prazer imenso de encontrar numa narrativa a criação de um universo que se diz com sua própria, adequada, inimitável linguagem.Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-23032384543590653112009-11-04T10:21:00.006-02:002009-11-04T11:39:26.504-02:00O verão chegou!* Levantei um pouco antes das seis, e fui ao varal pegar um short que estava lá. No prédio de trás, luz acesa, os bombeiros fazendo suas camas. Me deu pena, por causa dum clichê que há na minha cabeça: velho é que acorda cedo, a moçada gosta de dormir até mais tarde...<br /><br />* Mais tarde, quando fui estender a roupa lavada, meu olhar passa rapidamente por ali e me ponho a rir: pra confirmar meu julgamento anterior, uma toalha de banho com estampa de brinquedos pendurada numa corda, perto da janela. Crianças, crianças, mesmo.<br /><br />* Quando a gente gosta do que ensina, aprende mais que os alunos... Ensinava a observar, e acho que quem mais aprendeu fui eu mesma... Rápida mirada, e faço retrato da pessoa que observo... No primeiro andar ali são os bombeiros. Acima deles, uma família. E a guria que ocupa o quarto que dá pra área daqui é supercaprichosa, dá até gosto ver.Tá sempre arrumando alguma coisa, sem no entanto ser compulsiva, como se arrumasse quando deixa de usar, ou quando ela mesma desarruma.Acertou seu ritmo e seu método, e funciona bem dentro deles. E tem horários de abrir e fechar as persianas, conforme o andamento do sol...<br /><br />* Continuo terrível com as datas. Me ligaram há pouco da clínica: a senhora tem consulta hoje com a dra.Fulana, às 13:50. Me pus a rir: eu tava certa que seria amanhã, ainda bem que ligaste! Irei, irei!<br /><br />* Trabalhei tempão em "Coisa Feita", de João e Aldir, enchi páginas de anotações, mas o texto, nada! Nem a fórceps! Ouvi todas as diferentes gravações que João fez dela, incluindo a do DVD, e nada! Me queixo pra amigo lajeano, e ele ri da minha cara: tás parecendo touro marrão! Para de dar marrada na parede, e passa pra outra, depois voltas pra essa. Sem estresse. Não é que ele tem razão? Tou em "Profissionalismo é isso aí", e tá indo legal... Sou tão idiota, às vezes! E adorei ser chamada de touro marrão, expressão que os avós serranos usavam, mas eu não ouvia há tempos.<br /><br />* Vou redigitar as entrevistas que fiz com João, porque não tenho em arquivo. E releio. Como João é bom, gente,'cês nem imaginam! Bom demais, bom demais, merecedor de cada grama de admiração que tenho por ele. Tou louca pra fazer entrevista nova, pensando no que pode vir, nós dois mais maduros, mais experientes e mais sábios... <br /><br />* Calor, calor,pernilongos mil, as donas pernilongas serenatando e mordendo, atrás de seu ciclo reprodutivo. Mas Sérgio da Costa Ramos diz que vai ser verão de chuva. Leio e dou risada: não sei se é real, ou apenas desejo dele, pra se livrar da terrível invasão estival!Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-29777632505400548652009-11-04T06:11:00.001-02:002009-11-04T06:11:56.479-02:00Crônica do Rubens da Cunha<span style="font-weight:bold;">OS ANIMAIS-TEXTO</span><br /><br />Puxa um livro ao acaso da estante: “Jardim Zoológico”, de Wilson Bueno. Abre ao acaso uma página: 73. Lê. Concentra-se no mundo imaginário de Bueno, na linguagem poética. Visiona “os Zíngaros & os Zongues”, os animais inventados por Bueno para ocupar esse jardim zoológico.<br /><br />Os animais podem ser inventados, mas, ao serem escritos e enjaulados na página 73, tornam-se mais reais do que leões ou elefentes. Engraçado isso: personagens, cenários, ideias, versos, tudo que ser cria em literatura fica preso na página, igual a um jardim zoológico. Entramos, às vezes, num livro e o percorremos inteiro, do começo ao fim, libertamos alguns animais, deixamos outros presos no esquecimento.<br /><br />Em outros livros, sobretudo os de poemas e de narrativas breves, podemos visitar apenas um texto, observá-lo mais atentamente, decidir se vamos trazê-lo conosco ou vamos deixar ali, eternamente, naquela página.<br /><br />Todo leitor tem consigo pelo menos uma dezena de animais-texto de estimação, libertos de algum livro. São animais que o protegem numa situação incômoda de tristeza, ou que o tornam inteligente quando precisa aparentar inteligência. Leitores são seres frágeis, estão sempre à caça de novos textos.<br /><br />Não que os velhos não sirvam mais, mas uma reserva é sempre bem vinda, e mesmo o mais genial texto gasta-se com o tempo, vide o “ser ou não ser” de Shakespeare, talvez o animal-texto mais usado no mundo. Enfim, todo clichê já foi uma frase original.<br /><br />Visita mais um animal de Wilson Bueno: página 33. “Os dicéfalos”, animais com duas cabeças que habitam as geladas florestas da Islândia. Duas cabeças? E se tivéssemos realmente duas cabeças? Ou mais cabeças? Talvez por isso os leitores fazem dos textos que eles libertam dos livros suas outras cabeças.<br /><br />Os textos falam, pensam, sentem pelo leitor, e reciprocamente o leitor também fala, pensa e sente com os textos. É um intercâmbio, um intermédio entre o leitor, bicho de uma cabeça apenas, e as infindas cabeças-texto que ele conseguir libertar, ou melhor, que o leitor conseguir prender a ele mesmo, afinal cada citação, cada lembrança de um texto nada mais é do que amarrá-lo um pouco mais sobre nosso corpo, aprisioná-lo um pouco mais ao lado de nossa cabeça original. Todo leitor, mais do que um dicéfalo, é um pluricéfalo.<br /><br />Página 27. “Os nácares”. Animais que vibram na ausência da luz. Foram vistos por Jorge Luiz Borges, graças à cegueira dele. O leitor também precisa ser um cego para resgatar alguns animais-texto. Precisa não lhes ver a procedência, não lhes ver os espinhos e as agruras. Todo leitor sabe que o melhor animal-texto é aquele que o fere, seja por raiva, seja por beleza, mas é sempre um ferimento profundo e viciante, por isso o leitor precisa de cuidado, libertar um animal-texto feroz sempre de noite, um de cada vez, amansá-lo com pouca leitura, caso contrário será engolido pela força voraz do animal-texto recém liberto e zaz: foi-se mais um leitor em direção à luz.<br /><br />Leitor bom é leitor dentro da escuridão, leitor em busca da luz. Com a luz encontrada, todas as jaulas são abertas e tudo se acaba em nada.<br /><br />(Anexo, AN, 4/11/2009)Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-66791668185601889722009-11-04T06:07:00.000-02:002009-11-04T06:08:42.938-02:00Crônica do Amílcar Neves<span style="font-weight:bold;">Morcegos e chocolate</span><br /><br />É uma situação constrangedora quando preciso falar aqui de certos assuntos sensíveis, polêmicos ou delicados, abordar ideias tidas por ofensivas a quem delas discorda por motivações políticas, religiosas ou futebolísticas. Esse negócio de haver crianças na sala só complica mais as coisas. Como retirá-las em tempo hábil se nunca se sabe quando alguém vai pegar o jornal e abri-lo precisamente nesta página? Com a televisão é mais fácil, basta colocar a advertência no ar e a responsabilidade pelo que elas virem a seguir passa automaticamente a ser dos pais. O jornal não dispõe de tal recurso.<br /><br />Pior: o jornal trata da palavra escrita, e esta é muito mais ameaçadora e insidiosa do que a palavra falada, do que mil imagens. Jornais, assim como livros, submetem os seus autores a constante sobressalto: quando será que alguém se sentirá atingido, profundamente ofendido por uma palavra ou uma frase e entrará com um processo judicial pedindo a censura sumária do que foi dito – melhor: do que foi escrito –, exigindo sua retirada incondicional do mundo das coisas acontecidas, e, como castigo adicional, uma polpuda indenização por danos morais? Isso pode suceder mesmo muitos anos depois que se deram as coisas relatadas.<br /><br />Há tribunais que concedem tanto a censura quanto a indenização.<br /><br />Imagino que, a esta altura da crônica, as crianças tenham abandonado o texto, possivelmente o próprio jornal, desinteressadas já desta conversa que lhes parece que a nada levará. E isto fi-lo de propósito, para despistar-lhes a atenção. O problema é que, atingido este intento inicial muito importante (para não ter problemas com o editor do caderno nem com as penas da Lei), percebo que se esvai irremediavelmente o meu precioso espaço e sequer, afora o título posto no topo, entrei no assunto.<br /><br />Queria dizer-lhes, agora que, a bem dizer, as crianças deixaram a sala, que o chocolate causa quatro vezes mais prazer do que um beijo, especialmente se o deixarmos derreter lentamente sobre a língua (vale para ambos, parece).<br /><br />E os morcegos? Bem, os morcegos asiáticos de uma espécie frutívora fazem sexo oral para prolongar a relação, ou seja, supõe-se que usem muito a língua para falar entre si de sexo (o tal de sexo oral) e, assim, incrementar a relação social entre os indivíduos da colônia.<br /><br />Comprova-se, assim, que sempre é prudente empregar a língua com moderação.<br /><br /><span style="font-style:italic;">(Variedades,DC,4/11/2009)</span>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-23071303164004264492009-11-03T13:16:00.002-02:002009-11-15T18:36:42.439-02:00Mandem ver!<a href="http://multiclassificados.com/hitcounter"><img src="http://multiclassificados.com/hitcounter/imgsrv.php?acc=yodcsq" alt="Hit Counter" name="Hit_counter" width="90" height="40" border="0" id="Hit_counter" /></a>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-32033207387864326822009-10-31T08:18:00.007-02:002009-11-02T19:45:18.322-02:00Porque hoje é sábado<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXYJjeCZx28ERrKESB7WXODjnS84LiLm3QWpoxKiZ0o6L-K5YXWhSj1foFV_0J82KfCWkExpmYxj2y6f4aDveeA5jKSYJx-ca7pbvfBsFt2vOqY3C8d72RpS2xVWl0Y08bLSgR9RsgtMxk/s1600-h/terack.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 277px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXYJjeCZx28ERrKESB7WXODjnS84LiLm3QWpoxKiZ0o6L-K5YXWhSj1foFV_0J82KfCWkExpmYxj2y6f4aDveeA5jKSYJx-ca7pbvfBsFt2vOqY3C8d72RpS2xVWl0Y08bLSgR9RsgtMxk/s400/terack.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5398770083079382850" /></a><br /><br /><br />* A charge do Frank me fez lembrar que hoje é Halooween, o que não teria importância, em outro local. Mas aqui no condomínio as crianças passam pedindo doces, tenho que providenciar algum... Pirulitos? Bombons? Sacos de bala? Lá nas galegas eu resolvo...<br /><br />* Ano passado esqueci, dei dinheiro.Depois fiquei pensando: estes danadinhos são bem capazes de aproveitar e ir comprar alguma coisa que as mães não permitem... Melhor não!<br /><br />* Fui ao banco, passei na padaria pra pegar um pão fresquinho, e tava entrando quando uma voz me chama: psiu!psiu! ei vizinha, não tá cantando, hoje? (Era o aluno de jornalismo que faz estágio (?) na Quorum, e me contava que me ouve passar cantando - fico morta de vergonha, juro nunca mais cantar... e esqueço ali na esquina). Me virei de mãos na cintura: agora é que estás chegando, mas que pouca vergonha! (Ele diz que não, que está chegando cedo porque vai fazer mudança... Os vizinhos estudantes são sazonais, mudam a cada estação).<br /><br />* Recebi do Rodrigo Schwarz, escritor e jornalista do AN, seu livro infantil:<span style="font-style:italic;">Ração pra cobras.</span> Tá uma gracinha, com as ilustrações do Fábio Abreu. Eu já tinha lido no original, porque Rodrigo pediu opinião, mas assim impresso, ilustrado, bonitinho à beça - é outra coisa, né? (Rodrigo sempre diz que sou a única pessoa que nunca erra o sobrenome dele. Eu caio na risada: não sou besta, cara, vou sempre conferir!)<br /><br />* Hoje tem churrasco, aqui no condô, da turma de 99.1 - são 10 anos do ingresso no curso duma das turmas mais festeiras do Jornalismo/UFSC. Ginny ligou de Brasília: quero ver te escapares, é aí no teu condomínio! Neto garantiu que vinha. Michele, que foi minha orientanda, não vai poder... Mas vai ser legal!<br /><br />* E mais tarde vem um amigo me ajudar a transferir as cortinas da sala para a sacada - vou fazer experiência em decoração, pra ver como gosto mais... E até, agora que envidracei a sacada, se deixo as portas da sala ou não... Mas sem gastar, que a barra anda pesada! <br /><br />* E pra todo mundo desejo um bom feriadão!Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-91025301858525082582009-10-31T06:54:00.000-02:002009-10-31T06:55:50.046-02:00Crônica do Fábio Brüggemann<span style="font-weight:bold;">Ledos engano</span>s<br /><br />Há mais de 2.500 anos, Tales de Mileto, o filósofo grego, acreditava que as plantas eram água antes de serem plantas, porque a cada vez que a chuva caía elas brotavam. Para ele, tudo era feito de água. Já um de seus discípulos, Anaximandro, foi um dos primeiros a desmontar a ideia de que a Terra não era sustentada por alguma coisa, mas ainda tinha certeza de que era plana, apenas um ledo engano.<br /><br />Desculpas pelo salto de mil anos na história, mas Giordano Bruno foi queimado na fogueira da Inquisição porque atribuiu ao universo uma infinitude discordante dos “sábios doutos” da Igreja Católica. Galileu Galileu quase foi queimado, e só não foi porque voltou atrás (não por convicção, mas por medo) de sua própria afirmação anterior de que a Terra era redonda e girava.<br /><br />Indivíduos têm muitas ideias revolucionárias, ao contrário do coletivo, que eu chamaria aqui de “institucional”, pois custa, por vezes milênios, a aceitar novos conceitos talvez óbvios, como os fatos de que nem tudo é água, que a Terra, além de ser redonda, gira, e, por fim, que o universo talvez seja mesmo, pelas várias evidências científicas, infinito. Isso pode ser um bom argumento para a tese de que tudo aquilo que pensamos sobre as coisas que realmente interessam podem estar bastante equivocadas.<br /><br />Tudo bem que é muito difícil suplantar os desejos da experiência pessoal. É diferente, muito aliás, alguém saber que pode morrer se fumar muito cigarro, ou beber muita cachaça, ou ficar burro por assistir muita televisão. Mesmo assim, pessoas continuam fumando, bebendo cachaça e, o que é pior que tudo isso, assistindo televisão.<br /><br />Somos todos filhos do engano. Inclusive, escrever sobre isso talvez seja apenas mais um engano, e não tão ledo. Aliás, pouca gente sabe que “ledo” vem do latim e significa “alegre”. Alguns enganos individuais talvez não façam tão mal, a não ser àquele que se autoengana. Agora, os enganos coletivos, como o modo tolo como dirigimos, votamos, acreditamos, pensamos, enfim, estes não são nada ledos.<br /><br /><span style="font-style:italic;">(Variedades, DC, 31/10/2009)</span>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-74423913240377454122009-10-30T17:51:00.001-02:002009-10-30T17:51:30.562-02:00Caetano canta Incompatibilidade<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/nVAeMiOIzPE&hl=pt-br&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/nVAeMiOIzPE&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-35115019015231605452009-10-30T17:49:00.001-02:002009-10-30T17:49:45.925-02:00Caetano fala sobre Incompatibilidade...<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/EI2dj2Z_fQw&hl=pt-br&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/EI2dj2Z_fQw&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-87683187603036701172009-10-30T05:33:00.002-02:002009-10-30T16:17:46.997-02:00Crônica do Olsen<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEtFZ4sMsVsabX88WN4lYNW5eT0hd6CUIF9GZ8dNfGAYPCAd-tDoJdYXCOyfstv_BngdxDfrEU4CNsKBfFCqPee3RRuJpiGy0u3d2N809UBUFBSVHWAspSgZ1Hmz79402knR1lmYRRSsSa/s1600-h/dylan_thomas.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 362px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEtFZ4sMsVsabX88WN4lYNW5eT0hd6CUIF9GZ8dNfGAYPCAd-tDoJdYXCOyfstv_BngdxDfrEU4CNsKBfFCqPee3RRuJpiGy0u3d2N809UBUFBSVHWAspSgZ1Hmz79402knR1lmYRRSsSa/s400/dylan_thomas.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5398336573623184114" /></a><br /><span style="font-style:italic;">(O poeta Dylan Thomas)</span><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">O DIA DE ESTRELA DE UM MALDITO </span><br /><br /><span style="font-style:italic;">Olsen Jr. </span><br /><br /> O poeta galês, Dylan Thomas, se estivesse vivo celebraria 95 anos este mês. Lembrei porque me perguntaram sobre ele, cinco dias atrás.<br /><br /> Essa crônica trata dos malditos.<br /><br /> Convencionou-se chamar de “maldito” aquele escritor de talento que, longe do seu “fazer”, despreza as convenções sociais, o maneirismo peculiar da sociedade que, por dever de nascimento, deveria absorver.<br /><br /> Não obedece às regras porque, afinal, quem segue está sempre atrás. A minha razão é essa, mas cada um pode fazer a própria lista.<br /><br /> A grande arte é intuitiva.<br /><br /> Depois de um lauto almoço elaborado por Márcia Philippe, mulher do João Vianney, ex-sócio na Editora Paralelo 27 (junto com Carlos Damião) e, coisa rara, de sócios que continuam se dando bem após o término da sociedade, acompanhados da Julie e da Jade, também o Victor Hugo, a quem acabara de conhecer, ligado a informática, bom papo, seguimos para um bolicho à beira da estrada para assistir ao Gre-Nal... Claro está que nessa empreitada só foram os homens.<br /><br /> Casa cheia, reduto gremista, mas o proprietário administrava a tasca com pulso firme, poderíamos ficar tranquilos, segundo a informação do Vianney, uma vez que tanto eu quanto o Victor éramos torcedores do colorado.<br /><br /> Permanecemos ali fora, a conversa estava boa e, com todo o respeito, não vimos o jogo. Soubemos do gol logo no início pelo óbvio da exaltação dos vermelhos.<br /><br /> Quando terminou o embate tive de entrar na birosca para buscar duas cervejas, porque estava na minha vez. Nas costas da camisa vermelha que usava, estava o meu nome e alguém me chamou. Logo dou de cara com três gremistas pilchados e um deles, pergunta: “o que o senhor acha do Dylan Thomas e da Beat Generation?”. Sem refletir muito, afirmo que o Bob Dylan (cujo nome verdadeiro é Robert Allen Zimmermann) adotou o Dylan em uma homenagem ao poeta... Eles me ouviram e um deles afirmou “gostei do papo, quem sabe o senhor não fica aí para a gente conversar mais?”... Disse que estava com amigos ali fora, mais tarde poderia ser.<br /><br /> Quando saí, me lembrei que foi o Pasquim, na década de 1970, através dos textos do escritor Luis Carlos Maciel que nos tinha revelado o Jack Kerouac, Allen Ginsberg, William Burroughs, Charles Bukovsky, Neal Cassady, Gregory Corso, Timothy Leary, Peter Orlovsky, Carl Solomon, Lawrence Ferlinghetti...<br /><br /> Mais tarde, um dos gremistas que era também professor, se aproximou e me pediu um autógrafo... No princípio acreditei que ele estivesse tirando um sarro, mas não, se confessou um admirador e falou de uma crônica “Os Novos Beatniks” publicada nesse mesmo espaço na véspera de natal do ano passado, daí o seu interesse pelo tema.<br /><br /> O papo ia animado e logo os outros dois gremistas entraram na roda. Quem nos visse de longe acharia inusitado, um torcedor colorado com outros três gremistas discutindo literatura. Um deles disse que ainda curtia a velha máquina de escrever e o Victor Hugo ficou de rever sua concepção sobre o uso da tecnologia entre os mais jovens.<br /><br /> Afirmei que outros autores, pouco lembrados, tinham influenciado aquela geração e poucos se davam conta, citei o J. D. Salinger e “O Apanhador do Campo de Centeio” em que alguns (depois de um porre) incorporavam o personagem do livro, Holden Caulfield (rimos) e também, talvez o melhor deles, Ken Kasey que escreveu “Voando Sobre um Ninho de Cucos” e inspirado nele que o Milos Forman fez o filme “Um Estranho no Ninho”... Mais recente, “Quando Eu Era o Tal”, de Sam Kashner sobre a vida na Jack Kerouac School...<br /><br /> Próximo das 22hs quando o teor alcoólico da moçada já estava entrando no campo das confidências, lembrei do Dylan Thomas “Um alcoólatra é alguém de quem você não gosta e que bebe tanto quanto você”... Despedimo-nos e prometemos continuar o papo no próximo jogo, independente do Grêmio ou Internacional.<br /><br /><span style="font-style:italic;">(recebida por email)</span>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-68039493496269554712009-10-29T06:18:00.001-02:002009-10-29T06:18:54.651-02:00Crônica do Maicon Tenfen<span style="font-weight:bold;">O cinema pornô</span><br /><br />No último sábado, nas dependências da Furb, em Blumenau, tive oportunidade de assistir a uma palestra sobre a história do cinema pornô no Brasil e no mundo. Tema interessante e necessário, mas também espinhoso, pois se é verdade que tudo pode ser discutido academicamente, não é menos verdadeiro que a pornografia ainda figure como assunto “deslocado” na Universidade, ainda mais porque o palestrante, o historiador Viegas Fernandes da Costa, fez questão de exemplificar sua fala com fragmentos de filmes e vídeos clássicos do gênero.<br /><br />A pornografia no cinema nasce imediatamente depois da invenção dos irmãos Lumière. Logo nos anos 1920, era comum a exibição de filminhos pornográficos em ambientes clandestinos como prostíbulos e cabarés. Esses filminhos eram chamados de “stags”, duravam menos de 10 minutos e valorizavam o vouyerismo (sempre havia um desocupado espiando pelo buraco da fechadura). Não deixa de chamar atenção o caráter transgressor dos “stags”, que primavam pelo ataque debochado a instituições estabelecidas como a Igreja e a Família – além de situações adulterinas, eram recorrentes as encenações de surubas envolvendo padres e freiras!<br /><br />Dessa época até a liberação da pornografia e a eclosão do grande cinema pornô dos anos 1970 com Garganta Profunda e O Diabo na Carne da Srta. Jones, ambos do mítico Gerard Damiano, fica claro que as técnicas de filmagem erótica evoluíram no mesmo passo em que evoluíram as técnicas de depilação feminina. No Brasil, merece destaque Oh Rebuceteio! (o título é um achado!), de Claudio Cunha, exibido no finzinho da ditadura militar.<br /><br />Nós catarinenses não devemos esquecer a preciosa contribuição dada ao gênero por nosso conterrâneo Ody Fraga (1927-1987). Inicialmente membro do Grupo Sul, companheiro de Salim Miguel e Silveira de Souza, Ody mudou-se para São Paulo e dirigiu dezenas de pornôs de sucesso, alguns com títulos sugestivos como Senta no Meu, Que Eu Entro na Tua e Mulheres Taradas por Animais. Quem disse que os barrigas-verdes nunca chegaram lá, hein?!<br /><br />A partir dos anos 1990, com a popularização do videocassete, e mais recentemente, com a avalanche de pornografia veiculada na internet, o pornô perdeu seu caráter público e transgressor para se concentrar no individualismo da esfera privada. Essa passagem da sociologia para a psiquiatria merece estudos (de preferência ilustrados) que ainda precisam ser feitos.<br /><br />(Variedades,DC,29/10/2009)Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-20893962688031509642009-10-28T06:48:00.002-02:002009-10-28T06:51:24.796-02:00Crônica do Rubens<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirjRJ9Tz70iqpqWFpi8Dmc3AO4Nde7j-a4PEs71lmLUN3KpWcieLLsqi4KOK8M54PkQh-Ohy3ab6CR41cdanvpAZWCvVkcvWJD6nZw-J_3KfCY2p5vgn-Z31psmQY6RTcW2CV2ZN4jDkpu/s1600-h/cry.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 285px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirjRJ9Tz70iqpqWFpi8Dmc3AO4Nde7j-a4PEs71lmLUN3KpWcieLLsqi4KOK8M54PkQh-Ohy3ab6CR41cdanvpAZWCvVkcvWJD6nZw-J_3KfCY2p5vgn-Z31psmQY6RTcW2CV2ZN4jDkpu/s400/cry.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5397570720091972722" /></a><br /><span style="font-style:italic;">(Roy Lichtenstein)</span><br /><br /><span style="font-weight:bold;">ACORDAR É PRECISO?</span><br /><br />Amanheceu desordenada. Antes de abrir os olhos, lembra-se do feito na noite passada. Por que a pessoa tem de acordar? Abre os olhos, Clara não está mais ali, claro que não estaria, claro que se levantou no meio da madrugada e saiu porta à fora, vida a dentro.<br /><br />Senta-se na beira da cama, espreguiça-se, olha o quarto desordenado também. O álcool, os risos, a comida, os olhares, mãos e língua, tudo volta embaralhado. Levanta-se, junta um pouco de roupa, põe no cesto de roupas sujas, pudesse se colocava lá dentro também. Tinha prometido que não cairia mais na armadilha de se apaixonar, de se lançar numa aventura com outra mulher, não com esse tipo de mulher que Clara era.<br /><br />Tão diferente do nome: escura, mesquinha, mas ao mesmo tempo tão sedutora. Abre mais os olhos, abre a janela, lá fora a vida amanhece para muitos. Logo ela será uma dessas formigas que vê caminhando lá embaixo. Talvez pudesse interromper o trabalho das formigas se se jogasse. São dez andares. Mais fácil trazer Clara de novo e jogá-la, aí, sim, estaria fazendo as coisas direito.<br /><br />Quando voltar, vai se livrar de todas as velharias que estão nesse apartamento. Deveria ter se livrado de Clara antes. Ela disse que, dessa vez, não iria embora, que era para ficar, que era para sempre, que Clara parecia tão sincera, tão verdade, e foi se chegando e foi se apertando nela, que não teve escolha: acreditou, mais uma vez, a quinta.<br /><br />Entra no banheiro, despe-se. A água escorre corpo abaixo, olha a espuma sumir-se no ralo. Cinco vezes, cinco vezes trouxe Clara para a sua vida, e cinco vezes foi abandonada. A culpa não poderia ser de Clara, mas somente sua, afinal, Clara era movida apenas pelos seus sins.<br /><br />Enxuga-se. Olha-se no espelho, bonita ainda, tem certeza. A pele macia, os seios firmes, sorriso inteiro, cabelos vastos, tudo nela resplandecia beleza e juventude, por que então essa dependência, esse contínuo perdão às falhas de Clara? Sempre o mesmo, quase um vício, tanto dela em se deixar levar, quanto de Clara em pedir sempre um retorno, sempre uma segunda chance.<br /><br />Abre o guardarroupa. Veste-se da maneira mais elegante possível. É preciso superar a dor de alguma maneira, nem que seja pela roupa. No canto, uma blusa de Clara, lembra-se do dia em que compraram. Quando voltar de noite, a blusa, as fotos, os fios de cabelo que por acaso ainda estiverem sobre a cama, tudo vai para o lixo, tudo vai sair desse apartamento. À noite.<br /><br />Tenta tomar um café antes de sair. Não consegue. A garganta fecha-se diante de mais uma partida. A cadeira onde Clara costumava se sentar ainda está do jeito que ela deixou, meio de lado. Uma lágrima por sobre o rímel. Controla-se. Levanta-se. O dia de trabalho intenso à espera. É provável que, quando voltar, Clara esteja novamente sentada na porta pedindo perdão. É provável que, pela sexta vez, diga sim, pode ficar. É provável que jamais conseguirá ser de outra forma. Tranca a porta atrás de si.<br /><br />Por que será que as pessoas têm de sempre acordar?<br /><br /><span style="font-style:italic;">(do Anexo,AN,28/10/2009)</span>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-86690001748345275382009-10-25T12:29:00.009-02:002009-10-25T12:54:42.935-02:00Meus padrinhos<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnZwaXxZLcbQJV8piIj-5YCAkzGdaNIBXt93okuH4352w_3CP7zFWucIukqn-c0IN5ZXvaf-AUloutftz71LjWXggGecOCg4QHZoQUQsQ922oi9itBd2T4y8rIMSpMK1igpjZaLS2DE3L3/s1600-h/fadinha.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 316px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnZwaXxZLcbQJV8piIj-5YCAkzGdaNIBXt93okuH4352w_3CP7zFWucIukqn-c0IN5ZXvaf-AUloutftz71LjWXggGecOCg4QHZoQUQsQ922oi9itBd2T4y8rIMSpMK1igpjZaLS2DE3L3/s400/fadinha.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5396544815073701570" /></a><br /><br />Pois posso ir bancando a menina, pela vida, uma fadinha, ou assim me sinto, muitas vezes, porque tenho dois padrinhos que - vôti! - se saem com uns conselhos ou umas tiradas de ninguém botar defeito.<br /><br />1. Fui à UFSC na quarta. Cheguei lá logo após as treze horas, quando terminava o Projeto Quarta 12 e 30. Encontro Scotto sentado num dos bancos ali da frente do CCE, ouvindo o Couro e Cordas, tomando um solzinho. <br /> <br /> Já chego brigando/brincando: tou de mal, né? Não falas mais comigo, não me dás bola, é um horror o jeito como me tratas... Ele já sabe que não é sério, mas assim mesmo responde a sério, mas logo paramos com isso e começamos a falar da vida. E me queixo:<br /><br />- Pô, cara! Não consigo terminar o livro do João Bosco, tem sempre algo a mais pra dizer, faltando alguma coisa, achando alguma coisa... Tou ficando desesperada! Agora fico lendo as críticas sobre o último CD, e louca pra polemizar com os caras, mesmo elogiosos, desse jeito não acabo nunca mais!<br /><br />E ele:<br /><br />- Tem uma frase do García Márquez, acho que está no <span style="font-style:italic;">Cheiro de Goiaba</span>, em que ele diz assim: LIVRO A GENTE NÃO ACABA, A GENTE ABANDONA...<br /><br />Sabem o que é levar uma bela bofetada (macia,linda,perfeita!) pelas guampas? Pois levei. E louca de faceira! Era bem isso, nunca vi nada mais correto, no momento mais exato. <br /><br />Hoje sentei, escrevi no caderno de notas:<span style="font-weight:bold;"> O que falta para ABANDONAR JOÃO!</span> E listei tudim! E não é muita coisa, não, só preciso ficar dentro daquilo, e parar de saracotear por mais coisas...<br /><br />(E ainda esbanjei a mesma frase com o Dauro, que se queixava de querer ir fazendo de novo e diferente certas cenas de seu média...O que serve pra livro, serve pra filme, né não?) <br /><br />2. Encontrei o Flávio José Cardozo no <span style="font-style:italic;">Espírito de Porco</span>,ontem, e me falou de atividades conjuntas <span style="font-style:italic;">Sopé</span> e <span style="font-style:italic;">Bulha d'arroio</span>, ali pela região de origem. AMEI a ideia,mas estávamos ambos com agendas diversificadas. Pois esta manhã ele tirou tudo a limpo,e ainda achou tempo de me telefonar, apenas para me tranquilizar... Quer dizer: como se não bastassem os conselhos e ajudas, ainda se preocupa em não me deixar preocupada. Viva ele! Faltam só as bergamotas para ele ser o "padrinho" mais perfeito, hehehe...<br /><br />Scotto, Flávio, não mereço vocês, mas sou muito, muito grata!Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-43520034962524882912009-10-23T07:28:00.004-02:002009-10-23T07:38:16.321-02:00Crônica do Rubens<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQcRFuunTlexWjRd68Lcn1pIaHRWdbQsj3N6lkDSGqyIPLBaQTticxVbcnz23h4fmu8L8TGBPlvQS5G7SmMycFKtC2g4rg4uY3-rzZVrxlNDMwRIZj9AcnAz7zxqytjic6zJe364SIHk7L/s1600-h/vida+breve.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQcRFuunTlexWjRd68Lcn1pIaHRWdbQsj3N6lkDSGqyIPLBaQTticxVbcnz23h4fmu8L8TGBPlvQS5G7SmMycFKtC2g4rg4uY3-rzZVrxlNDMwRIZj9AcnAz7zxqytjic6zJe364SIHk7L/s400/vida+breve.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5395726359484197394" /></a><br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">A VIDA É BREVE</span><br /> <br />Nada se salva quando suamos desgraça.” Esta frase é do romance “A Vida Breve”, do uruguaio Juan Carlos Onetti. Trata-se de um romance paradigmático do século 20, com personagens intensos, que transitam entre relacionamentos, escolhas erradas, traições.<br /><br />A frase carrega em si uma verdade explícita, que, no mundo contemporâneo, poderia ser facilmente abduzida por um manual qualquer de auto-ajuda e se tornaria mais um clichê pró-felicidade 100%. É evidente que nada se salva quando suamos desgraça, mas também nada se salva quando suamos felicidade, fé, ódio, amor, quer dizer, quando nos reduzimos a uma coisa só, a um campo de visão apenas, quando elegemos uma verdade única e imutável.<br /><br />Tenho visto muito isso ultimamente: gente cada vez mais escudada por uma ideia fixa, seja negativa ou positiva. Já diz o ditado: quem tem um filho não tem nenhum. O mesmo se pode dizer das ideias, dos sentimentos, dos caminhos escolhidos.<br /><br />Penso que o suor humano deva ser misturado, deva ser vitimado pela dúvida, pela inconstância, pela alegria tanto quanto pelo desespero, pela angústia, enfim, somos mais completos quando somos múltiplos, “umasómultiplamatéria”, para usar a expressão de outra grande: Hilda Hilst.<br /><br />Dentro do romance “A Vida Breve”, esta frase vem acompanhada de uma interessante teoria do personagem que a pronunciou. De acordo com ele, quando suamos desgraça é preciso que a gente queime toda a roupa velha. Tem de queimar, destruir, não pode doar, pois se a roupa for passada para outro ela “arrastará seu novo dono e nos perseguirá”, a roupa retornará a nós para devolver seu veneno.<br /><br />O personagem recomenda também que, além de queimar a roupa, é preciso tomar um banho bem quente e beber um copo de sulfato de magnésio, o famoso “salamargo”, dormir e pronto: no outro dia, “tão novo como um recém-nascido, tão alheio a seu passado como o monte de cinzas que deixa atrás de si”.<br /><br />Não há dúvida que se empenhar em conseguir ser menos obcecado por algo único passa por queimar tudo, largar velharias, abandonar dogmas, desistir de sonhos, experimentar novas aberturas. Claro, nem sempre precisa ser tão radical. Pode-se abrir uma nova porta sem necessariamente fechar a antiga, mas é preciso perceber quando a velha porta aberta nos fecha novos caminhos. Enfim, é sempre algo angustiante, algo que nos tira a certeza.<br /><br />Os personagens de “A Vida Breve” vivem dentro desse universo de agarrar-se ou desgarrar-se, apegar-se ou desapegar-se. Talvez, por isso, seja um romance tão atual, pois retrata os avessos e os direitos da humanidade, ao mesmo tempo em que é também um romance difícil, pois estamos cada vez mais inseguros, mais necessitados de portos seguros, de visões e conceitos únicos.<br /><br />Está cada vez mais difícil ser “a metamorfose ambulante” do velho Raulzito, mas precisamos tentar: ideias únicas e roupas velhas já levaram o mundo a grandes guerras e grandes violências. E como prenuncia tão bem o romance de Onetti, a vida é breve para ficarmos presos a ninharias. Temos é que viver a largueza da brevidade da vida.<br /><br /><span style="font-style:italic;">(recebida por email)</span>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-82001211682516151702009-10-23T07:01:00.003-02:002009-10-23T07:37:38.077-02:00Crônica do Olsen<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaqT8gDzPp_2nLzmCFxnTdIyOQMFIR4Oi2eI_24mcjzT2HdRPdhlDP2XBR-SrXLrTs30cG6hwZ4SHDGbNaT0lkCoryXdbgTUI6JEPpqbkjruX3nOwfnvb_KvN1INJjAUjA0BEMRuCHHWeu/s1600-h/tears.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaqT8gDzPp_2nLzmCFxnTdIyOQMFIR4Oi2eI_24mcjzT2HdRPdhlDP2XBR-SrXLrTs30cG6hwZ4SHDGbNaT0lkCoryXdbgTUI6JEPpqbkjruX3nOwfnvb_KvN1INJjAUjA0BEMRuCHHWeu/s400/tears.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5395727247129201842" /></a><br /><br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">A DOR DOS OUTROS</span><br /><br />A vida em condomínios abriga algumas peculiaridades que muitas vezes passam despercebidas dos moradores. O fato de muitas ações serem repetidas diariamente produz uma rotina imperceptível. Assim, é quase certo que encontraremos as mesmas pessoas todos os dias. Algumas mais, outras menos.<br /><br />Com as crianças, tais particularidades são mais arraigadas. Elas praticamente crescem juntas, meninos e meninas em turmas diferentes. Usufruem da mesma piscina, praticam esporte na mesma quadra, usam o salão de festas para reuniões sociais e desfrutam da churrasqueira com os adultos ou de maneira independente.<br /><br />Com o passar do tempo, os pais se tornam amigos e passam a ter, inconscientemente, certa responsabilidade pela população miúda. As crianças se conhecem e frequentam os apartamentos das outras e até dormem na casa de uma ou de outra como se o ato representasse uma pequena aventura.<br /><br />Você só entende o significado disso quando, passados 15 anos, recebe o telefonema de um filho afirmando: “Pai, o Lucas morreu”.<br /><br />Segue-se um silêncio e, antes que você possa dizer alguma coisa, ouve “o Sky (apelido carinhoso do garoto, provavelmente tirado do filme ‘Guerra nas Estrelas’) era um dos meus melhores amigos”.<br /><br />Então, cai a ficha e, antes de encontrar algo para dizer, você se lembra deles brincando juntos lá no prédio onde moravam, jogando bola no pátio, ocupando o tempo com o “Banco Imobiliário”, jogando canastra, xadrez, os brinquedos eletrônicos e, depois, mais adultos, a descoberta e paixão pela música. Cada um escolhendo um instrumento e ensaiando.<br /><br />É, seguem-se todas aquelas manobras pouco sutis de conduzir a aparelhagem para cima e para baixo, no carro de um ou de outro dos pais, da escolha de um lugar para ensaiar, da negociação com a vizinhança. Afinal, daquelas tertúlias musicais bem que poderia sair um virtuose, quem sabe alguém que ficará famoso um dia e poderão dizer: “Puxa, essa gurizada ensaiava lá perto de casa, mas sempre botei fé que dali sairia alguma coisa boa. E não é que eu estava certo!”<br /><br />Soube que o Lucas tinha apenas 30 anos, não fumava e não bebia, havia casado recentemente, dedicava-se inteiramente à música. Acabara de ganhar uma bolsa para fazer um mestrado em música e a banda dele iria tocar no fim do ano na França. Ele estava animado, no auge do entusiasmo que poderia representar uma promissora carreira. E aí, um enfarte põe fim ao sonho.<br /><br />Ironia, triste destino, quando nos aproximamos do sonho, ele se esfuma, evapora, some. Permanece, então, a história da luta que foi para buscá-lo e isso justifica uma vida inteira, ainda que se alie à tristeza, a solidão, as dores do que se perdeu pelo caminho.<br /><br />Meu filho está chorando ao telefone. Imagino o que significa aquela tragédia para todos os amigos deles, os pais do Lucas, Paulo e Gisela da Rosa e os irmãos, Tiago e Paola. O mundo desabando em cima de uma família e as forças do universo mostrando em todos os nossos poros o quanto somos pequenos e vulneráveis aos seus desígnios.<br /><br />Penso nas “Meditações”, do poeta John Donne, quando diz “A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte da humanidade”.<br /><br />A dor dos outros explodindo em significações e eu ali, mediocremente, pensando na eleição para uma academia de letras, deus meu, como um homem pode deixar-se corromper por tal papel?<br /><br />Foi naquela hora, na tarde de terça-feira, que decidi não submeter mais o meu destino a uma minoria de homens de letras. E daí, já despido da glória passageira do Olimpo, como um mortal que acaba de descobrir a verdade essencial, solidariamente, chorei junto com o meu filho aquela perda humana que nenhuma lágrima poderia mais trazer de volta!<br /><br /><span style="font-style:italic;">(recebida por email)</span>Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2273530776451260036.post-87624091282184851262009-10-22T11:09:00.001-02:002009-10-22T11:12:36.792-02:00Crônica do Amílcar Neves<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1OCbBp4gvIHrZTnJ4og_P7tmbAQfXn75HxTgzTdIQ1A9VyqCfFljD_Bw_bhf_i6cqYKxSK5jaxTNQM-PQzc35OG1wz96_jQ0N6jAgouOtPMV0_e3iFSbFIqd7XV-uZIoNNpU74SfZxGRC/s1600-h/mulher+lendo.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 297px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1OCbBp4gvIHrZTnJ4og_P7tmbAQfXn75HxTgzTdIQ1A9VyqCfFljD_Bw_bhf_i6cqYKxSK5jaxTNQM-PQzc35OG1wz96_jQ0N6jAgouOtPMV0_e3iFSbFIqd7XV-uZIoNNpU74SfZxGRC/s400/mulher+lendo.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5395411478241366226" /></a><br /><br /><span style="font-style:italic;">(Mulher lendo, de Pablo Picasso)</span><br /><br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Ler. Para quê?</span><br /> <br /><br />Ler um livro, para começar. Com todo o respeito pelos jornais, revistas e meios eletrônicos, ler, de verdade, é ler livro. Por mais que, democraticamente, se possa discordar desta posição.<br /><br /><br />Ler um livro de literatura, fique claro. Manuais técnicos, religiosos e de autoajuda são textos de consulta, não de leitura. Ler livro é ler literatura, apesar de se vender o peixe por aí embrulhado em folhas de livro.<br /><br /><br />Ler um livro de literatura de qualidade, esta é a questão. Nem tudo o que reluz é literatura. Ler livro de literatura é ler obra de qualidade estética e, claro, literária; o resto, me desculpem, é perda de tempo.<br /><br /><br />Então, invariavelmente, vem a pergunta: por qual razão, humanitária ou prática, haveria alguém de pôr-se numa tal confusão de escolher um livro, e que fosse de literatura, e que fosse de qualidade, para fazer essa coisa tão chata e enfadonha que é isso de ler?<br /><br /><br />Evidente: numa casa em que pai, mãe, tios e vizinhos param tudo - param de comer, de conversar, de se conhecer e até de amar - para se deixar hipnotizar por uma sequencia quase interminável de telenovelas (a sucessão de enredos sempre repetitivos só acaba na hora de dormir para ir trabalhar amanhã cedo), fica bem mais difícil para a criança e o adolescente descobrirem espontaneamente o prazer insuperável da leitura (de um bom e instigante livro de literatura).<br /><br /><br />O escritor peruano Mario Vargas Llosa dá a pista para uma resposta sensata à questão no livro <span style="font-style:italic;">Cartas a um Jovem Escritor</span>:<br /><br /><br />“Sem dúvida, o jogo da literatura não é inócuo. Produto de uma insatisfação íntima com a vida como ela é, a ficção também é uma fonte de mal-estar e insatisfação, pois quem, através da leitura, vive uma grande ficção - como as duas que acabo de citar, a de Cervantes e a de Flaubert [o autor se refere, respectivamente, a Dom Quixote e Madame Bovary] - retorna à vida real com uma sensibilidade muito mais aguçada diante de suas limitações e imperfeições, inteirado por aquelas magníficas fantasias de que o mundo real e a vida de verdade são infinitamente mais medíocres do que os inventados pelos escritores. Essa intranquilidade frente ao mundo real que a boa literatura alimenta pode, em certas circunstâncias, traduzir-se também em uma atitude de rebeldia contra a autoridade, as instituições ou as crenças estabelecidas.”<br /><br /><br />Por isso os ditadores odeiam livros, quem os escreve e quem os lê.Reginahttp://www.blogger.com/profile/00805692741813863015noreply@blogger.com0