quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A delicadeza perdida



Não me importo com roupas, moda, penteados, classe social, escolaridade. Tenho conhecido gente analfabeta ou quase de muita inteligência, e doutores que são umas antas completas... Como Adrianinha Calcanhoto canta,eu não gosto de bons modos, tou nem aí pra eles. Mas gosto de delicadezas...

O rapaz que espera dois minutos com a portão aberto porque vem outra pessoa atrás dele, que para na faixa pruma mãe com criança no colo atravessar, a mulher que me espera passar no caixa na frente dela, essas "kindness" me agradam. E tem coisas assim: caminhoneiros dirigindo latas velhas param; jovens mulheres dirigindo carros de último tipo, jamais...

Chico Buarque fala no "país da delicadeza perdida", citando seu pai. Pus ali na lateral frase do Nelson Rodrigues dizendo algo parecido... Na verdade, acho que sempre há os que são delicados e os que não são. Em qualquer época, em qualquer país.

Já briguei muito, agora não brigo mais, deixo de lado, simplesmente. Pra que me estressar com gente casca grossa? Mas algumas vezes fico magoada.

E tá cheio de gente assim, né, sem nenhuma noção de alteridade. Os que só te procuram quando querem alguma coisa, os que são sem noção (convidas um amigo pra vir comer uma lasanha, e ele diz: só se for de espinafre! Ora, que vá tomar! Nunca mais será convidado, podes crer!), os que só aparecem quando é da conveniência deles... Me poupo: brigo mais não, não vale a pena.

E vão me perguntar: e tem gente que vale a pena? Ah, tem sim. Gente capaz de te trazer um pedaço de granito rosa que achou lindo e se lembrou que tás montando vidro prum amigo; gente que guarda pra ti um pedaço do bolo de aniversário; gente que te manda uma foto ou um poema que fala de cinamomos,ou liga pra avisar que estreou filme do Eastwood, coisas assim.

Tem gente plena de kindness, em que mora a delicadeza, a gentileza das pequenas coisas. Vivam elas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário