sábado, 26 de setembro de 2009

Recadim pro Zé Mariano!



Já "acabei com meu avô", louca de faceira,mas cansada.

Tou de volta aos braços de João. E descobri que essas interrupções são ótimas: volto cheia das ideias...

beijão, bom fim de semana!

Gabriel me entregou!



O danado do Gabriel Gómez, escritor amigo, portenho radicado em Rio do Sul, está de blog.

E olhem só o que inventa de entregar: um belo porre que tomamos lá em Jaraguá, com o Tezza!

E com direito a trecho de crônica do Schroeder, contando (e exagerando...) o fato.

Dêem uma olhadinha: http://escritosdogabriel.blogspot.com/

Crônica do Schroeder

Imagino o tamanho do desapontamento, Carlos!
E concordo em gênero, número e grau!



BIENAL DO VAZIO

O Rio de Janeiro continua lindo. E a Bienal do Livro do Rio (a de São Paulo não é diferente) continua vazia; De propósitos, de consistência, de espírito.

Livros são extensões da imaginação humana, pressuponho que feiras de livros devem aproximar os visitantes dessa imaginação, em vez de amontoar um monte de estandes bonitos em galpões e encher esses espaços com crianças que nem sabem por que estão ali.

Para se ter uma ideia do disparate da Bienal, o auditório da Feira do Livro de Jaraguá do Sul 2009 foi maior que o da Bienal do Rio 2009, isso que o evento carioca recebe, no mínimo, dez vezes mais visitantes. Isso acontece quando uma empresa de eventos realiza uma feira para consumidores, não para leitores.

As feiras do livro de Bogotá e Buenos Aires, por exemplo, mexem com a cidade inteira, e têm uma programação focada no leitor, contemplando todos os gêneros (e não só os best-sellers). Está na hora de algumas pessoas pararem de enxergar o livro apenas como um produto, e ver a grande transformação social e cultural que ele propicia.

Como escritor, vejo que o mundo precisa ser mais lírico. As palavras devem ter outros significados, e como editor de livros, percebo que cada vez mais o livro e a leitura devem ser usados como instrumento primordial da educação e transmissão do conhecimento. E, por fim, como gestor cultural, acredito que eventos não precisam ser realizados apenas para cumprir tabela, como vejo país adentro.

Cultura é coisa séria! Já disse o Camus, “sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro”. Afinal, “a cultura, sob todas as formas de arte, de amor e de pensamento, através dos séculos, capacitou o homem a ser menos escravizado”, diz o ensaísta André Malraux.

Cadê a Bienal do Rio? Fui até lá para ver o jeitinho carioca de lidar com livros, e o que vi foi fleuma, melancolia. Cadê a vitalidade que vejo na Lapa e na Cinelândia? O descolamento e a alegria da Zona Sul? A garra da Zona Norte? O charme da Barra da Tijuca? Não vi nada disso lá nos pavilhões da Bienal.

Não tinha cara do Rio, nem do Brasil. E para mim, o Rio é o Estado mais brasileiro de todos (um amigo meu diz que o Brasil começa lá, e vai até o Norte/Nordeste, que de São Paulo para baixo todos querem ser europeus). Quem conhece, sabe.

Lá todas as classes, as cores e ritmos se misturam, sem culpa, sem preconceito, com alegria, tudo muito Gilberto Freyre, muito Darcy Ribeiro.

Olha, estão fazendo eventos para inglês ver em pleno Rio. Peço ajuda ao Darcy Ribeiro: “Ultimamente, a coisa se tornou mais complexa porque as instituições tradicionais estão perdendo todo o seu poder de controle e de doutrina. A escola não ensina, a igreja não catequiza, os partidos não politizam. O que opera é um monstruoso sistema de comunicação de massa, impondo padrões de consumo inatingíveis e desejos inalcançáveis, aprofundando mais a marginalidade dessas populações”.

A Bienal do Livro foi uma decepção, mas o Rio de Janeiro continua lindo...

(Anexo,AN,26/9/2009)

Crônica do Fábio Brüggemann

Ora, Fabinho: o boi tá moendo o trigo. Mas não lembro o que vem depois do ovo!

E depois do boi?

Cadê o toucinho que estava aqui? O gato comeu. Cade o gato? Foi pro mato. Cadê o mato? O fogo queimou. Cadê o fogo? A água apagou. Cadê a água? O boi bebeu. E depois do boi, esqueci. Nem sei o motivo pelo qual essa sequência infantil apareceu na minha cabeça. Assim do nada, em plena viagem, descendo a Serra, ela entocou no cérebro. A memória é uma ilha de edição, escreveu o grande poeta Wally Salomão. Por que será que ela me fez lembrar uma brincadeira de criança, mas ao mesmo tempo não me trouxe a brincadeira toda?

Estou há alguns dias querendo saber o que vem depois do boi, mas não consigo lembrar. Sim, eu poderia procurar no Google, ligar pra um amigo, perguntar pra mãe. Mas achei que estaria dando muita moleza pra memória. Ou eu me esforço, ou vou achar que todas as respostas estão no grande oráculo, como diz a Maria.

Muitos leitores escreveram emocionados com o presente que ganhei da G., relatado aqui, no sábado passado. Alguns perguntaram se inventei a história toda. Não, ela existe, se chama Gabriela se veste de palhaço pra alegrar as crianças, e, por isso, deve saber o que vem depois do boi. Além do mais, vários destes leitores escreveram para dizer que são o décimo quinto leitor. Foram tantos, que já perdi a conta de quem é quem. Suponho que já devo ter bem uns 25, sem contar a carta da professora Ivonete, da Escola de Educação Básica Governador Celso Ramos, de Joaçaba, avisando que agora não são mais quatorze, mas muitos. Decerto que tenho que parar com essa brincadeira e aceitar tamanha responsabilidade.

Falar em responsabilidade, sei que jornal é coisa séria, tem que ter notícia e informação. Afinal, golpistas militares depuseram o presidente eleito, a Austrália sofreu uma invasão de areia, direitistas norte-americanos vão às ruas porque Barack Obama quer investir em saúde, o Correio está em greve, os congressistas votaram pela ampliação do número de vereadores, a violência aumenta cada vez mais, e eu aqui preocupado porque não sei o que vem depois do boi. Meus inestimáveis e agora incontáveis leitores, afinal, o que vem depois do boi?

(DC,Variedades,26/9/2009)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Quem quiser que entenda!

Digibilando a mixorna

No cachicholo do meu quengo,
Hoje vai ter pixurum:
Já mandei as riconvências.

Cachicholo de tibéria
Tem umas ideias quebra
E tem outras tararacas...

Tem pensamento gaudério,
Pensamento gavião
E até abichornado...

Não tem pensamento bagual!

Vai ter queimadinha nas guampas,
Vai ter muito querumano,
Vamos dançar ratoeira.

Digibilando a mixorna
Pra deixar o quengo dobrando
E o cachicholo areado!

Rainha de notas de rodapé



ALELUIA!

Já tinha terminado a proposta de edição para o Bulha d'arroio, livro de contos de Tito Carvalho, meu avô. Como na primeira edição, os vocábulos regionais ou muito estranhos (o Houaiss passou esses dias abertinho ali em cima da mesa... Os livros dele, também) foram colocados em ordem alfabética, no final do livro.

Acabei, e fiquei pensando no que tinha feito. Revisei quatro ou cinco vezes, até que na revisão final não encontrei mais nada pra acertar. Mas estava descontente com essa coisa de usar glossário: é muita mão de obra pro leitor. Ele lê uma palavra que desconhece,pra ir atrás tem que marcar a página; procurar no glossário; de uma certa maneira, memorizar o significado dela, e voltar para a página que deixara marcada. Se houver muitas, vai acabar desistindo. Ou de consultar, ou de ler o livro. Não, assim não tá legal. Nota de rodapé seria bem melhor.

Consultei cumpadre Flávio e ele respondeu "degerim": ia mesmo te sugerir isso. Ao começar a reler Vida Salobra, romance que o "Velho" publicou em 1963, vejo que ele usou notas, também. Me senti autorizada.

E pus mãos à obra. Mas sabem o que é fazer umas quatrocentas notas de rodapé? Não, não é demais. É que ninguém lê um livro (muito menos um de contos) de uma assentada só. Assim, se os termos aparecem de novo em outro conto, estarão repetidos lá. Confesso que acabei decorando o vocabulário, na sua maior parte, e tou até pensando num poema que se chame "digibilando mixorna"...

Faz quatro dias que só trabalho nisso, e "ontônti" caí na cama às 19:30 horas, e dormi feito uma pedra, de tão cansada que estava. Esta manhã, acabei. Tive que reescrever uma parte em que explico a metodologia de trabalho, acertar de cá e de lá algumas cositas, e DEU.

Oh, não se iludam: ainda vou dar uma revisada geral. Mas tá prontito. Já posso voltar pros braços do João, e escrever a análise de "Coisa Feita", ajeitadinha na cabeça e pedindo passagem... Antes,porém, quero criar coragem de ir caminhar ao sol... mas com este velho vento vagabundo "pelas fuças"...

Crônica do Olsen

PARECE FÁCIL, MAS NÃO É!


Cansei da maçaroca. Lembrei de um livro do Salim Miguel ”Sezefredo das Neves, poeta”, que começa com o narrador afirmando que recebeu um “original” para ser lido mais tarde e que o apelidou logo de “a maçaroca”.

A maçaroca, no meu caso, é constituída de uma série de anotações feitas por aí e guardadas em um dos bolsos da calça. As calças mudam e as tais anotações continuam se amontoando sem que tome uma providência. São ideias para uma crônica, um conto, um dito espirituoso feito na hora apropriada, uma frase que capta um momento bem humorado, enfim, algo que pode ser trabalhado posteriormente. O suporte para tais anotações pode ser um guardanapo, um extrato bancário, um comprovante da medida de peso/altura de uma farmácia, uma nota de compra, um ticket de supermercado ou de posto de gasolina, o verso de um cartão de visitas, e se não tiver nada, a palma da mão também serve.

Hoje peguei aquela papelada toda e disse: chega! Só tomei a iniciativa, entretanto, quando um amigo me viu deixar cair tudo quando fui pagar o café no bar... Ele indagou “que maçaroca é essa?”.

Well, é de assombrar como se parte de coisinhas simples para se construir uma obra.

Muitas vezes é só um lembrete mesmo: “policial Henrique (livro)”... Lembrei que fui socorrido por um policial num acidente de carro. Quando soube que era um escritor disse que gostava muito de ler e eu prometi um livro. Na hora não tinha nenhum. O bilhete deve estar a uns quatro anos passando de bolso em bolso sem que cumpra com o prometido, vou fazer isso hoje; um outro diz: “filme do Cantinflas/ajudante de circo/pesos”, trata-se do comediante Mário Moreno, ele fazia o papel do ajudante, a atração principal era um fisioculturista (vestido com pele de tigre) que levantava vários artefatos em que estavam escritos em cada um o “seu” peso (150kg, 200kg,) e depois da encenação, o Cantinflas entrava e pegava todos eles com uma das mãos (eram de isopor) e o cinema vinha a baixo de riso, lembro a propósito de um colega de ginásio que assistia ao filme na cadeira de trás da minha e passava o tempo todo cantarolando a música “leva eu sodade”, um dos versos que dizia “Oi leva eu... eu também quero ir”... Dos “Cantores de Ébano” que fez sucesso na década de 1960... No verso, um lembrete “Eliane & Elias/ Piano” seguido de um número de telefone para contato... Cenas que poderiam integrar uma obra de ficção.

Numa comanda de hotel indicando como chegar a feijoada do Bar do Zé em Joinville, estava o texto “A mesma “coisa” feita de outro jeito, tem novo sentido”. Não me lembro do que se tratava, a “mesma coisa” para mim sempre foi um caminhão carregado de melancias, mas depois que os japoneses “criaram” a melancia quadrada (vi isso na internet) nem se pode usar mais a tal expressão.

Tinha elucubrações bem feitas e que só estavam ali porque não tivera disposição para transportá-las para um caderno onde faço tais registros, por exemplo, “Procuro ignorar os elogios e as críticas que fazem ao meu trabalho porque ambos são mendigos que me pedem esmolas: o elogio de minha vaidade e a crítica de minha ira. Tanto um como outro me empobrece”.

O meu favorito era um que afirmava “Os homens de talento, digo, os gênios, deveriam ser mais pacientes, afinal nós temos a eternidade pela frente”...

Tudo isso parece afetação, mas o que é que se pode esperar de alguém que pensa o dia inteiro? Claro, tinha os bilhetes que me faziam cair na realidade, esse que está em minhas mãos agora, para ilustrar, dizia “Pagar a ótica (R$175,00) no dia 10”, consulto o calendário e já estamos no dia 22... O que “eles” iriam pensar do meu atraso? Talvez, na melhor das hipóteses: “paciência, os filósofos são distraídos, não são?”.

(recebida por email)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Crônica de Rubens da Cunha


Os novos poetas: Denise, Sílvia, Sandro e Tiago.



Belo trabalho, Rubens!Parabéns!

O PRIMEIRO LIVRO

O livro ainda é o melhor lugar para o poema. Apesar dos muitos outros suportes que existem, a casa ideal, a casa mais confortável para o poema é o livro. É nele que o poema reverbera melhor seus cantos, seus escuros e também as luzes, as iluminações. O que dizer então quando falamos de um primeiro livro de poemas? A analogia com o filho é inevitável. Há sempre uma expectativa do novo, do salto, da oficialização que um livro traz: é quase como uma certidão de escritor.

A honra, o medo, a força do livro publicado gera no poeta a sensação de perenidade. Afinal, essa casa em que seus poemas agora vão morar tem parentesco com o eterno. Trata-se de um registro, de um acontecimento que permanecerá por muito tempo, que inscreverá, de uma forma ou outra, o nome daquele poeta no mundo.

Mesmo que o livro não sobreviva enquanto ícone da história da literatura, mesmo que o livro jamais seja resgatado do esquecimento, ele existirá, em algum sebo atrás de outros milhares de livros, em alguma biblioteca, naquele canto que ninguém visita, o livro existirá, vai estar lá, casa de poemas, guardando aquelas palavras, pobres ou gigantes, inúteis ou transformadoras, o livro aguentará o peso da solidão, o peso de não ser lido, pois ele sabe que um dia, alguém retirará todos os outros livros de cima dele, alguém acariciará sua lombada e o retirará da estante, alguém vai abrir as suas páginas, vai sentar-se em algum lugar confortável e vai ler. Ler e agradecer por ter encontrado o livro de sua vida. Por ter encontrado palavras que parecem ter sido feitas para ele.

O livro, o livro de poemas sobretudo, não tem pressa, não tem urgência, e também não liga para quantidade. Se ele chegar inteiro e renovador em apenas um corpo humano, sua tarefa está cumprida.

Hoje, em Joinville, quatro novos poetas estão dando para essa grande tarefa seus primeiros livros. Denise Aidar Warnecke concebeu “Mitológica”, um livro que revisita mitos essenciais da humanidade e os repõe em poemas balsâmicos. Sandro J. Erzinger compôs “Solos de Pedra”, música e concretude dentro da condição humana. Silvia Nass viajou para o sertão nordestino e de lá nos trouxe “Ser Tão Olhos”, cuja leitura nos arremessará à caatinga densa e lírica de suas imagens concisas. Tiago Furlan Lemos desenha a cidade, a juventude e algum vazio existencial no preciso “Urbana”.

São quatro novos livros de poemas que hoje à noite começarão suas caminhadas no mundo. São quatro poetas que terão, ainda mais, sobre as costas, a responsabilidade de manterem viva a poesia, mesmo que ela já não determine tanto, mesmo que ela já não seja mais tão presente na vida das gentes, ela ainda é a melhor, senão a única, maneira de entender e transformar a humanidade.

(Anexo,AN,23/9/2009)

Crônica do Amílcar Neves





E não é lá em casa

Imaginemos um país. Pode ser de ficção mesmo, um país de mentirinha, para facilitar o exercício e liberar a imaginação.

Imaginemos um país em que ex-autoridades do alto escalão escrevam ao presidente da república pedindo que use seu cargo para mandar suspender investigações criminais sobre torturas efetivamente cometidas. Ex-autoridades à esquerda e à direita, da situação e da oposição, independente de preferências ideológicas, pressionando o presidente do país para que atropele o poder judiciário, ignore os direitos civis e humanos, e jogue para debaixo do tapete a apuração de crimes e abusos perpetrados por funcionários públicos no exercício do cargo: ou seja, em suma, o Estado violando a Lei, o que não é admissível em hipótese alguma - violando-a ao patrocinar o arbítrio e violando-a ao advogar o esquecimento e o perdão tácito.

Imaginemos agora um país (pode ser o mesmo país de antes, ou não; talvez, para não ficar muito pesado a ponto de não parecer real, pensemos em um país fictício diferente), um país que não disponha de um sistema público de saúde. Não se trata, perceba-se, de uma assistência médica e hospitalar deficiente, ineficaz e corrupta, mas, sim, de ausência total e completa de uma estrutura pública de saúde, de tal forma que somente terá acesso à saúde e direito à vida quem puder pagar por um plano privado de saúde, quem estiver trabalhando e dispuser de renda suficiente para bancar o luxo de médico e hospital.

Imaginemos então um país (o mesmo de antes, ou um terceiro) em que o seu presidente receba, em média, 30 ameaças de morte por dia e não tenha a aprovação nem de 50% da classe média, apesar de eleito recentemente.

Imaginemos um país anglo-saxão com um presidente negro...

Barack Obama recebe quatro vezes mais ameaças de morte do que o deplorável George W. Bush recebia; conta com 80% de aprovação na União Europeia e Turquia; vê 46 milhões de concidadãos sem qualquer – qualquer – cobertura de saúde, o que leva à morte, em média, 44.789 trabalhadores (não desempregados nem vagabundos) todo ano. Na sexta-feira passada, sete ex-diretores da CIA, de administrações republicanas e democratas, pediram-lhe por carta que revogasse a investigação criminal sobre métodos de interrogatório que foram além das diretrizes, já draconianas, impostas por Bush.

Parece, enfim, que algo está errado – e não é lá em casa.

(Variedades,DC, 23/9/2009)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Uma foto bem legal!



Achei, por acaso, no blog da Lígia. É do trabalho de arte feito naquele ponto de ônibus que fica no trevo da PM, na esquina da Lauro Linhares com a Madre Benvenuta. Ainda está novinho, na foto.

Resiste, ainda está lá, mas não tão bonito! Deviam reativar este projeto, o TRINDARTE, não acham?

Insônias e caminhadas...



O biguá saiu da árvore, fez leve vôo, mergulhou na esverdeada podridão do canal do mangue, e saiu nadando... Fiquei olhando, compadecida. E ele nem aí!

* * *

Acordei à uma da manhã (madrugada?) com umas gurias papagueando do lado de fora. Ficaram, ficaram, falaram, riram... Não tava a fim de fazer escândalo, nem de ligar pro porteiro, acendi o abajur, fiquei lendo o OP, numa boa, esperando que sossegassem o pito.

Mas daí a vizinha de cima enlouqueceu: levantou, ficou a dar voltas ao redor da cama, ia ao banheiro, dava descarga, e se punha novamente a dar voltas na cama...Parecia uma perereca ensandecida! Tá bom, tá bom! Era pra me zangar, né? Mas ando em fase calma: achei foi muito engraçado!

Dali a pouco as meninas foram embora, custei a dormir de novo, mas a companhia do Continental Op tava muito boa!

* * *

O grande problema, depois, é que não consigo dormir à tarde. Apesar do cansaço, fui caminhar, lá pelas quatro da tarde. Caminhei até quase a entrada do cemitério do Itacorubi, apreciando as árvores: as amoreiras estão carregadinhas, mas as amoras ainda verdes. Há dois ipês pequeninhos, um amarelo e um rosa, floridos e lindos. E os cinamomos estão pejados de flor, coimaxlinda! E são muitos, os cinamomos. Com aquele perfume suave, que só se sente de perto.

Não tinha levado a máquina, e pensei: trago amanhã, e fotografo.Mas amanheceu chovendo. Espero que até a tarde melhore...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Refazendo os crimes



Este é último Chandler que tenho em casa. E fiquei meio decepcionada... Inverossímil em tudo, nas situações, nas personagens, e nem mesmo o adorável Philip Marlowe parece ele mesmo... Sua Anne Riordan é mais uma "mulher maravilha" que outra coisa!

Daí voltei à estante, e catei o sempre favorito Dashiel Hammet:



Ainda não havia lido este. Continental é a agência em que o detetive sem nome trabalha. Como é ele mesmo o narrador, provavelmente baseia-se em causos inspirados na experiência de Dash quando detetive da famosa Pinkerton, e seu nome nunca aparece. Acabou batizado de Op...

Esta edição, da Companhia das Letras, tem prefácio - engraçadinho, como sempre - do Ruy Castro. Já de início tem erro flagrante: compara Dash com Chandler, Sam Spade com Marlowe, o hardboiled de Dash com o de Hemingway, pra ver quem chegou primeiro - constata que, pela data de publicação, foi mesmo o Dash e diz que o carro de Marlowe é um Chrysler. Ora, eu tinha acabado de ler três romances com Marlowe... Assim mesmo, fui conferir. Seu carro é um Oldsmobile, que ele chama brincalhonamente, fazendo trocadilho, de "o velho Olds"... (Dash não dirigia, de modo que seus detetives também não o fazem.)

São contos, gostosos de ler, envolvendo toda a estrutura da agência por diversos locais, até pela Europa, através de outras agências. Op não dirige, mas em compensação, vive indo ao correio passar telegramas e cabogramas. Hoje mandaria emails...

Muito bom, muito bom!

Crônica do Felipe Lenhart

Uma novela em Floripa

Horário nobre, anúncio de estreia de novela, voz de locutor da Globo:

“Odair nasceu na beira da praia e tem o mar por quintal de casa. Jovem, cheio de vitalidade, desde cedo aprendeu com o pai, um humilde pescador artesanal, o valor do trabalho, da virtude e do respeito à Mãe Natureza. Apesar da origem familiar pobre, o rapaz escolheu seguir os passos de seus antepassados e tirar o sustento da pesca. Sua namorada é Letícia, uma linda garota livre de preconceitos nascida no Centro da cidade e filha de importantes funcionários públicos municipais. A gata se encantou pelo jeito simples do garotão no balneário mais badalado da Ilha, onde rolam altos agitos durante o verão. Juntos, os dois vivem um intenso caso de amor, provando que não há barreiras invencíveis para os casais apaixonados.

Mas uma ameaça vai por à prova a felicidade desta união: Mauricio Bulhões Jr., um típico filhinho de papai recém-chegado de São Paulo. Um dos mais tradicionais clãs empresariais paulistanos, os Bulhões trocaram São Paulo por Floripa para unir lazer com qualidade de vida sem deixar os lucrativos negócios de lado. Mauricio vai aos poucos ganhando a confiança da juventude local, esbanjando o dinheiro da família nas mais badaladas casas noturnas, beach clubs e restaurantes de comida japonesa. Será na praia, durante aulas práticas na escolhinha de surfe, que o rival amoroso de Odair conhecerá Letícia e tentará conquistar o coração da bela morena.

A situação se agrava quando Hercules, um combativo representante do Ministério Público Estadual, passa a acusar os Bulhões de envolvimento em negociatas no ramo hoteleiro de Jurerê Internacional com a conivência dos pais de Letícia na prefeitura. Obstinado, paladino da lei e da ordem, Hercules fará de tudo para desmascarar os forasteiros desonestos. A fim de provar sua inocência e preservar a honra de seu sobrenome, os empresários moverão mundos e fundos na luta judicial contra o promotor idealista.

Acontece que Odair tem um grande aliado na sua disputa pelo amor de Letícia: o perigoso Xandoca, um velho amigo de infância e de pescarias na Ilha das Aranhas. Morador de um dos morros mais violentos de Florianópolis, Xandoca promete ajudar no que for preciso, inclusive com o auxílio da Gangue do Boca, uma turma barra pesada que não brinca em serviço. O houle não perde por esperar.

Intrigas, paixões, grandes emoções. Em dezembro, na esquina da sua rua.”

(Variedades,DC,21/9/2009)

domingo, 20 de setembro de 2009

De volta ao aloite!

"Aloite", no linguajar serrano que meu avô usa em seus livros, significa "luta"...

Ontem, descansei, fui almoçar em Punta de las cañas, passeei, li o último Chandler que tinha, guardadinho ali na estante: Adeus, minha adorada. Hoje fiquei folgando pela manhã, fui visitar Adriane - Amanda operou o estrabismo, os pais da Adri estavam aí - e voltei pra casa cheia das ideias. Descansar muito me cansa,'cês sabem...

Sentei no computador, mandei email pro meu neto, que faz 22 anos hoje - já ganhou o presente adiantado, e eu tinha medo de me por a escrever e me esquecer de ligar mais tarde... E se me esqueço (ano passado me perdi nos dias, como sempre...), ele manda email pra mim: existe uma avó desnaturada que esqueceu meu aniversário... Não posso correr este risco traveis!

Pois sentei aqui, e fui fazer a quinta revisão em Bulha d'arroio. Daí reli um conto chamado "Minuano" pela milésima vez, e de novo fico preocupada. O conto é ótimo, mas o final é meio confuso. Já tinha cotejado com o original, e era aquilo mesmo. Mandei email pro Flávio José Cardozo, pedindo socorro. Mas hoje é domingo, não esperava resposta antes de amanhã.

Só que este "cumpadre" é gente boa: ligou no final da tarde, discutimos aquele final, e ajudou bastante a leitura dele. (Bem, acho também que Flávio se sente meio na obrigação: afinal, foi ele que me arrumou esta empreitada, hehehehe...) Aproveitei pra perguntar outra coisa (é, sou meio abusadinha!): no romance não há glossário no final, os termos estão arrolados em notas de rodapé.Isso facilita bem a leitura, porque marcar a página, ir pro final procurar, voltar, acaba cansando o leitor. Talvez seja melhor mudar o que fiz, e puxar os termos pra notas de rodapé nos contos, também.

Ele tinha pensado em me sugerir isso, e eu mesma estou achando mais funcional. No computador, fica fácil de fazer, embora seja meio chato. Pra-mor-de-que tou eu nisso: conferindo os termos, inserindo notas, consultando o glossário...

E ainda discutimos como eu falava naquela história do Guimarães Rosa invejar o título, porque eu não tinha localizado a fonte. Acabei achando: o Rosa escreveu isso na dedicatória que fez pro vô,em seu exemplar de Sagarana. Citado por tio Almiro, na introdução do volume da FCC...

Fiz o primeiro conto hoje, amanhã faço mais dois ou três, devagarzinho vai... Enquanto isso, João Bosco não vai pro céu, mas já não vive no chão, e parece perguntar: e eu, baixinha? Calma, meu querido, que já-já volto pros teus braços!