quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Crônica de Rubens da Cunha


Os novos poetas: Denise, Sílvia, Sandro e Tiago.



Belo trabalho, Rubens!Parabéns!

O PRIMEIRO LIVRO

O livro ainda é o melhor lugar para o poema. Apesar dos muitos outros suportes que existem, a casa ideal, a casa mais confortável para o poema é o livro. É nele que o poema reverbera melhor seus cantos, seus escuros e também as luzes, as iluminações. O que dizer então quando falamos de um primeiro livro de poemas? A analogia com o filho é inevitável. Há sempre uma expectativa do novo, do salto, da oficialização que um livro traz: é quase como uma certidão de escritor.

A honra, o medo, a força do livro publicado gera no poeta a sensação de perenidade. Afinal, essa casa em que seus poemas agora vão morar tem parentesco com o eterno. Trata-se de um registro, de um acontecimento que permanecerá por muito tempo, que inscreverá, de uma forma ou outra, o nome daquele poeta no mundo.

Mesmo que o livro não sobreviva enquanto ícone da história da literatura, mesmo que o livro jamais seja resgatado do esquecimento, ele existirá, em algum sebo atrás de outros milhares de livros, em alguma biblioteca, naquele canto que ninguém visita, o livro existirá, vai estar lá, casa de poemas, guardando aquelas palavras, pobres ou gigantes, inúteis ou transformadoras, o livro aguentará o peso da solidão, o peso de não ser lido, pois ele sabe que um dia, alguém retirará todos os outros livros de cima dele, alguém acariciará sua lombada e o retirará da estante, alguém vai abrir as suas páginas, vai sentar-se em algum lugar confortável e vai ler. Ler e agradecer por ter encontrado o livro de sua vida. Por ter encontrado palavras que parecem ter sido feitas para ele.

O livro, o livro de poemas sobretudo, não tem pressa, não tem urgência, e também não liga para quantidade. Se ele chegar inteiro e renovador em apenas um corpo humano, sua tarefa está cumprida.

Hoje, em Joinville, quatro novos poetas estão dando para essa grande tarefa seus primeiros livros. Denise Aidar Warnecke concebeu “Mitológica”, um livro que revisita mitos essenciais da humanidade e os repõe em poemas balsâmicos. Sandro J. Erzinger compôs “Solos de Pedra”, música e concretude dentro da condição humana. Silvia Nass viajou para o sertão nordestino e de lá nos trouxe “Ser Tão Olhos”, cuja leitura nos arremessará à caatinga densa e lírica de suas imagens concisas. Tiago Furlan Lemos desenha a cidade, a juventude e algum vazio existencial no preciso “Urbana”.

São quatro novos livros de poemas que hoje à noite começarão suas caminhadas no mundo. São quatro poetas que terão, ainda mais, sobre as costas, a responsabilidade de manterem viva a poesia, mesmo que ela já não determine tanto, mesmo que ela já não seja mais tão presente na vida das gentes, ela ainda é a melhor, senão a única, maneira de entender e transformar a humanidade.

(Anexo,AN,23/9/2009)

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