domingo, 30 de agosto de 2009

Mudaria o domingo...


(Domingo no parque, gravura de Anthony Watkins)


... ou mudei eu? Plus ça change, plus c’est la même chose, dizem os franceses. Mas os domingos aparentemente estão iguais,mesmo com suas alterações através do tempo: parados, quietos, dias em que quase nada acontece. Na juventude isso me era insuportável, e vivia arrumando programas e almoços, enchia a casa de gente, era obrigatório ir ao cinema ou ao teatro. Aquela quietude toda me angustiava, parecia um dia perdido.

Hoje, no entanto, é este nada acontecer que torna o domingo um dia tão agradável pra mim. Tem alguns rituais : ligar pro Idro, em São Bonifácio, e trocar novidades e leituras. Esperar que a Cris me ligue de João Pessoa. Nos dois casos, com cuidado pela hora: continuo madrugadeira, mesmo nesse dia, mas os outros aproveitam pra dormir até mais tarde.

Passo na banca do Afonso, compro o Estadão, pra ler o Cultura deles, o melhor do Brasil, em termos de imprensa diária. Vou lendo os artigos devagarinho, às vezes até ao longo da semana, pra render bastante. Dou um pulinho no açougue, e continuo sendo a freguesa que vai ao açougue pra NÃO comprar carne, gozação do Toninho, mas verdadeira. Compro um pedaço do parmesão de casca preta, pra ralar; ou batatas, tomates, temperos... As coisas necessárias para o almoço de domingo, e raramente é carne, que freqüenta cada vez menos meus pratos.

E depois dos prazerosos telefonemas, sabedora das novidades de São Bonifácio e de João Pessoa, curto justamente o que odiava: todo o sossego do domingo. O telefone não toca, há um silêncio pouco habitual no condomínio, e apenas a mudança de estação altera meus horários de caminhada: bem cedinho no verão; logo após o almoço, no frio.

Pra hoje tenho o filme nacional Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas, pra assistir. Estou ouvindo de novo o CD Caça à raposa, de João, pra conferir algumas referências. Ontem terminei o livro do Jairo Severiano, Uma história da música popular brasileira, que está muito gostoso de ler, mas sobre o Bosco traz apenas um parágrafo e referências dispersas. Preciso escolher qual leio agora, nessa área. E é meu dia de passar roupa, hehehe, sabe-se lá por que estranha perversão que me acomete...Mas o que custa, se a cabeça viaja por mil mundos?

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