sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Crônica do Olsen

HAPPENING CULTURAL

Aconteceu no 3º Encontro de Academias de Letras em Orleans. Estava na recepção do hotel, quando ela chegou acompanhada de outras pessoas. Loira de olhos verdes. Enquanto conversam ao balcão, pego o jornal e me acomodo num sofá em frente ao elevador. Algumas mulheres, às vezes, saem das capas das revistas e dão o ar de suas graças no mundo real. Era o caso.

Veste uma roupa preta e calça uma bota de cano alto. Quero ler, mas não consigo tirá-la da cabeça. Logo, o grupo se aproxima para pegar o elevador, lota, e ela tem de esperar. Comento em voz alta que parece ser o nosso destino esse, o de esperar, porque sempre estamos esperando alguma coisa.

Ela abre um sorriso e afirma “é verdade” e permanece calada até o elevador chegar, depois, é engolida pela parede e não consigo pensar em nada a não ser naqueles green eyes.

Durante o café, junto com os escritores Celestino Sachet, Pinheiro Neto, Flávio José Cardozo, Artêmio Zanon e Lauro Junkes, acompanhado da mulher Dona Terezinha Junkes, eu havia indagado ao professor Sachet se ainda perguntavam em suas palestras sobre o que era a literatura catarinense. Ele me olhou com ar zombeteiro e disse: “Claro, e é bom que continuem perguntando, porque senão perco o meu emprego” (risos).

Naquela manhã, Lauro Junkes falou sobre o panorama da literatura catarinense dos anos 80 até Hoje. Foi muito aplaudido, afinal, não era para qualquer um fazer aquele resumo abrangente e detalhando as principais obras de cada autor em tão pouco tempo.

No café da tarde, encontrei a “Fa”, os amigos a chamavam assim, como uma nota musical, mas preferi o Green eyes e lhe servi o café com leite, e ela agradeceu e pude olhar lá no fundo daqueles dois pontos verdes luminosos... Era estarrecedor.

A Câmara de Vereadores fez uma sessão no local e condecorou o Lauro Junkes com o título de cidadão orleanense. Foi uma surpresa grata.

À noite, durante o jantar, um conjunto com nove figuras enxerta percussão em clássicos do cancioneiro sertanejo. Depois da quarta música, vejo o desconforto do Flávio José Cardozo e pergunto: “O que houve Flávio, não está gostando”? Ele me olha certo de que estou debochando e diz “Até gosto, se o acompanhamento fosse só violão, mas assim, não vejo a hora de chegar o intervalo... Ou será que eles não vão descansar um pouco?” (risos).

Pedi para o garçom levar uma taça de champanhe para Green eyes. Ela mandou dizer que não bebia, mas iria fazer uma exceção naquela noite. Foi até a mesa me agradecer, depois se afastou. Valia tudo para ver aqueles olhos, my god!

No hotel, havia um show musical. Era vanerão dos brabos, mas green eyes estava lá e tivemos de suportar. Fui com o Pinheiro Neto e sentamos perto da pista. Green eyes nos viu, se aproximou e me pediu para dançar com ela. Nessas horas, pensei, trocaria a profissão de escritor por dançarino, se pudesse, mas não podia, então, agradeci e disse que ela estava se saindo maravilhosamente. Ela sorriu e vi aqueles olhos brilhando, coisa de louco.

No dia seguinte, foi à vez do Artêmio Zanon falar das terras dos condes até a Academia Orleanense de Letras, cantou o soneto “O Gato” em ritmo de cantos gregorianos e leu um poema de Júlio de Queiroz, foi muito aplaudido.

Sachet falou sobre a italianidade, uma tendência temática da literatura catarinense da região Sul, com humor e encantou os ouvintes.

No começo da tarde, tivemos de ir embora. Não assistimos à palestra sobre o lírico amoroso, o social e o cotidiano, de Green eyes, que, soubemos, foi muito prestigiada.

Na metade da viagem para casa, digo para o Pinheiro Neto que deveríamos voltar até Orleans... “Voltar para quê?”, ele pergunta curioso. “Que mais não seja”, respondo, “só para nos despedir de Olhos Verdes”.

(Anexo,AN - 2/10/2009)

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